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Escuta Aqui | 11/08/2025 - Paternidade é função afetiva e vai além do vínculo biológico, debatem psicólogas

  • Foto do escritor: Andrei Nardi
    Andrei Nardi
  • há 2 horas
  • 3 min de leitura

Papel pode ser exercido por outras figuras, como avós e tios, e exige presença e responsabilidade, explicaram especialistas em programa de rádio que discutiu mudanças sociais, ausência paterna e a legislação sobre o tema

A paternidade é uma função construída no afeto e no cuidado diário, que vai além do vínculo biológico e pode ser exercida por diferentes figuras na vida de uma criança, como um avô, tio ou mesmo a mãe. Essa foi a principal abordagem de um debate sobre o tema realizado no programa Escuta Aqui, da Rádio Sideral, na segunda-feira, 11 de agosto, com a participação das psicólogas Jordana Calcing e Jussara Besutti. A conversa ocorreu no contexto do Dia dos Pais e aprofundou as mudanças no papel do pai na sociedade, os impactos de sua ausência e os desafios legais, como a regulamentação da licença-paternidade no Brasil.

Função paterna não se limita ao genitor

As especialistas diferenciaram o conceito de pai biológico da função paterna, destacando que esta última é fundamental para o desenvolvimento emocional e a formação do indivíduo. “A gente não nasce pai, não nasce mãe, a gente vai se tornando pai e mãe na caminhada”, afirmou a psicóloga Jordana Calcing. Segundo ela, a figura que oferece limites, regras, segurança e afeto cumpre esse papel, independentemente do laço sanguíneo.

A psicóloga Jussara Besutti, que atua em clínica em Tapejara, reforçou a distinção. “Ter filhos é muito diferente de ser pai ou mãe”, disse, explicando que a paternidade é uma construção que exige desejo e responsabilidade. Ambas observaram que, embora a ausência do pai biológico possa deixar marcas, outras pessoas do convívio da criança podem assumir essa função essencial.

Mudança cultural e maior presença masculina

Um dos pontos destacados foi a mudança cultural observada nos últimos anos, com homens buscando uma participação mais ativa na vida dos filhos. Segundo as psicólogas, é cada vez mais comum ver pais presentes em consultas médicas e psicológicas, além de um aumento na busca pela guarda compartilhada após processos de separação.

Essa transformação, no entanto, convive com desafios. A entrevista abordou a dificuldade de alguns homens em assumir o cuidado, especialmente com filhos que demandam atenção especial, e a tendência de repetir padrões de ausência vividos na própria infância. Foi ressaltado que a paternidade permite ressignificar a relação com o próprio pai e romper com ciclos negativos, como em relatos de homens que, mesmo tendo sido abandonados, tornaram-se pais presentes.

O impacto da ausência

A ausência da figura paterna pode gerar consequências emocionais significativas, como insegurança, dificuldades no estabelecimento de limites e uma maior vulnerabilidade a relacionamentos abusivos na vida adulta, como uma busca por aceitação e amor.

As especialistas também criticaram a tentativa de compensar a falta de presença com presentes ou com o discurso do “tempo de qualidade”. “Tempo é tempo. Não existe substituir pouco tempo com suposta qualidade”, pontuou Jordana Calcing. A relação com os filhos, segundo elas, é um compromisso para toda a vida, que sobrevive ao fim de um relacionamento conjugal. “Não existe ex-pai, ex-mãe. A relação com o filho é para a vida toda”, concluiu Jussara Besutti.

Legislação em debate

A discussão também abordou o cenário legal da licença-paternidade no Brasil, que ainda é regida por uma regra transitória da Constituição de 1988. Foi mencionada a pressão para que a licença seja definitivamente regulamentada e ampliada para 15 dias, a fim de se adequar às novas configurações sociais que demandam maior envolvimento do pai nos cuidados iniciais com o bebê. “Cuidar de uma criança é uma tarefa para no mínimo duas pessoas”, citou Jordana, reforçando a importância do apoio mútuo no exercício da parentalidade.

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