Estação recebe força-tarefa do MEC e detalha plano de segurança e retomada das aulas; confira entrevista com a secretaria de Educação, Marcele Anversa Lima
- Andrei Nardi
- 11 de jul.
- 3 min de leitura
Com apoio de especialistas federais, plano inclui presença da Brigada Militar nas escolas, botão do pânico e acolhimento psicológico; aulas retornam na segunda-feira para unidades não atingidas
Em uma entrevista concedida na Prefeitura de Estação, a secretária municipal de Educação, Marcele Anversa Lima, detalhou o plano de ação que está sendo construído para a retomada das atividades na cidade após o ataque a uma escola na terça-feira (8). A estratégia, descrita como uma "construção coletiva", envolve um forte aparato de segurança, apoio psicossocial com especialistas do governo federal e um cronograma gradual para o retorno dos alunos às salas de aula.
Duas profissionais do núcleo especializado do Ministério da Educação (MEC) já se encontram na cidade, e a equipe será complementada por psicólogas até o final de semana.
Retomada histórica dos fatos
A ação é uma resposta à tragédia de terça-feira, 8 de julho, quando um adolescente de 16 anos invadiu a Escola Municipal de Ensino Fundamental Maria Nascimento Giacomazzi, matando o aluno Vitor André Kungel Gambirazi, de 9 anos, e ferindo outras duas alunas e a professora Patrícia. O fato gerou uma onda de comoção e protestos nas cidades de Estação e Getúlio Vargas na quarta-feira (9), com pais e professores cobrando segurança permanente nas escolas.
Na esfera judicial, a Justiça de Getúlio Vargas determinou a internação provisória do agressor por 45 dias, enquanto a Polícia Civil, sob o comando do delegado Jorge Fracaro Pierezan, avança para a conclusão do inquérito. Em paralelo, a comunidade se despediu do menino Vitor, sepultado na tarde de quarta-feira. É neste cenário que a força-tarefa de autoridades busca reconstruir a segurança e a confiança da comunidade escolar.
O plano de reconstrução: segurança e pedagogia
A secretária Marcele Lima explicou que a retomada se dará em duas frentes simultâneas: a reconstrução da segurança e a reconstrução pedagógica.
Na área da segurança, as seguintes medidas serão implementadas por tempo indeterminado:
Presença Policial: Dois policiais militares do Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência (Proerd), especializados no trabalho com crianças, ficarão em tempo integral dentro de cada uma das cinco escolas do município.
Patrulha Externa: O Batalhão de Choque da Brigada Militar de Passo Fundo ampliará a patrulha no entorno das escolas e em todo o município.
Novas Tecnologias: Serão instalados o "botão do pânico" e sirenes de alarme diferenciadas.
Protocolos: Serão implementados novos e mais rígidos protocolos para a entrada e saída das escolas.
Na frente pedagógica, a retomada será gradual:
Segunda-feira, 14 de julho: As três escolas municipais não atingidas diretamente e a escola da rede estadual retomam as aulas, com foco em atividades lúdicas e de acolhimento para restabelecer o sentimento de pertencimento.
Escola Maria Nascimento Giacomazzi: O retorno da escola que foi palco do ataque terá um planejamento específico, construído em conjunto com a comunidade escolar, e ainda não tem data definida. "O tempo de cada criança de retorno será respeitado", frisou a secretária.
Apoio federal e estadual especializado
A secretária de Educação destacou que a resposta à crise é um esforço conjunto. "Nós estamos sendo apoiados tecnicamente pelo Ministério da Educação, pelo Ministério Público, pelo Judiciário, a questão da polícia civil, a brigada militar, enfim, fora a coletividade aqui de Estação, do Brasil e do governo do Estado", afirmou.
A equipe do MEC que está na cidade faz parte do Sistema de Acompanhamento e Combate à Violência nas Escolas (SEGAV), um núcleo do governo federal criado para atuar em situações de crise extrema. "Essa equipe que vem, ela é acostumada a lidar com essas situações graves, que é uma situação que nem nós aqui de Estação, nem talvez nenhum município esteja preparado para vivenciar", explicou Marcele. "É isso que eles estão fazendo conosco, eles estão ao nosso lado, todas essas forças nos ajudando a construir".
A secretária também fez um apelo à comunidade para o futuro. "O que cada um como adulto pode fazer para proteger mais a sua criança, não revitimizar as pessoas [...] e que a gente possa nos ajudar a reconstruir e fazer algo de melhor dentro dessa situação tão trágica e dolorida", concluiu.
