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Uma parcela das pessoas que tomaram a primeira dose da vacina da AstraZeneca contra a Covid-19 classificou as reações como desconfortáveis. Febre, calafrios e dor no corpo e de cabeça foram alguns dos sintomas relatados. Mas e a segunda dose? Ela também vai provocar os mesmos efeitos adversos? O portal de notícias G1 consultou alguns especialistas e eles explicaram que essas reações não devem se repetir.
"A AstraZeneca tem um percentual maior de reações leves e moderadas na primeira dose e isso cai bastante na segunda. Na primeira dose, as pessoas relatam dor no local e isso é comum, passa com 24h, 48h. E tem também quem não tem reação alguma. Consideramos isso como efeitos adversos leves, sem muitas consequências. Apesar das reações, é importante tomar a vacina”, diz o presidente do comitê científico da Sociedade Brasileira de Imunologia (SBI), João Viola.
A bula da AstraZeneca também reforça que os efeitos colaterais são menores na segunda aplicação. O fabricante explica que "a vacina pode causar efeitos colaterais, apesar de nem todas as pessoas os apresentarem. Menos efeitos colaterais foram relatados após a segunda dose".
Mas por que as reações adversas são menores na 2ª dose?
Isso tem relação com a tecnologia da vacina da AstraZeneca: a de vetor viral.
A vacina é feita com o vírus ativo, mas ele não é capaz de causar a doença porque ele é modificado. Entretanto, por estar ativo, ele induz uma reação imunológica muito forte e parte dessa reação é a inflamação.
"A vacina induz no nosso organismo um treinamento muito específico e intenso. Da primeira vez que recebemos esse treinamento, é como se tivéssemos uma infecção, o nosso corpo pensa que está sendo infectado, mas não está. Nossa resposta para a infecção na primeira vez é muito intensa", explica o cientista Oscar Bruna-Romero, professor de doenças infecciosas e vacinas da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
"Na segunda dose, o corpo já treinou o sistema imunológico para responder à ‘infecção’ de uma forma suficiente, não excessiva”, completa o cientista.
Ele reforça que, caso a pessoa sinta algum efeito adverso também na segunda dose, ela pode tomar um analgésico, assim como da primeira vez. "Esse efeito posso ser contornável com um paracetamol ou dipirona."
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Não tive nenhuma reação. Devo me preocupar?
Não. Segundo o cientista da UFSC, não ter reação pode significar muitas coisas, mas em nenhum caso quer dizer que você não foi vacinado.
"Você pode ter recebido a vacina e seu corpo interpretar aquilo como uma infecção que ele já viu no passado, que já conhece. Isso porque o veículo da vacina AstraZeneca (adenovírus) é um vírus que circula normalmente. Então, a resposta que ele gera não precisa de uma resposta intensa e exacerbada", explica.
Bruna-Romero diz que ter ou não reação a uma vacina é normal. "As reações às vacinas sempre existiram. Não é a primeira e nem a última vez que teremos alguma reação. Não ter reação também é normal. Cada ser humano tem uma reação diferente."
Se a eficácia já é alta com uma dose, por que devo tomar a segunda?
Uma dose da vacina da AstraZeneca já tem uma eficácia de 76%. Entretanto, mesmo com uma eficácia alta, é preciso completar a vacinação com a segunda dose.
"A resposta contra a doença vai se consolidar (e durar mais tempo) com a segunda dose. Já temos uma proteção muito importante com a primeira, mas é a segunda aplicação que vai fornecer a eficácia total", explica Viola.
Cada vez que recebemos a imunização, estamos treinando o organismo. "Você precisa relembrar o corpo que a resposta precisa ser melhor formada. No caso da AstraZeneca, essa lembrança é a memória imunológica e só é gerada pelo organismo quando vê o patógeno por duas vezes", completa Bruna-Romero.
Fonte: G1