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[ÁUDIO] Infidelidade financeira está entre as principais causas de divórcio no Brasil, aponta psicóloga (Escuta Aqui | 30/09/2024)

Pesquisa do IBGE revela aumento de 16,8% nas separações; psicóloga destaca que ocultação de gastos e falta de diálogo sobre finanças são causas crescentes de conflitos conjugais

 

A infidelidade financeira tem se tornado uma das principais razões para o término de relacionamentos no Brasil, segundo a psicóloga Jordana Calcing. Em participação no programa Escuta Aqui, da Rádio Sideral, Calcing revelou que muitos casais enfrentam dificuldades para lidar com questões financeiras, e isso impacta diretamente a estabilidade do casamento. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que o número de divórcios no país aumentou 16,8% nos últimos anos, e a infidelidade financeira aparece como uma das causas mais frequentes.

A infidelidade financeira ocorre quando um dos cônjuges oculta informações sobre dinheiro, seja por meio de compras escondidas, mentiras sobre a renda, acúmulo de dívidas ou descumprimento de acordos financeiros estabelecidos entre o casal. Esse comportamento prejudica a confiança mútua e, em muitos casos, só é descoberto quando a situação se agrava, como quando o nome de um dos parceiros é negativado por dívidas acumuladas em segredo. Segundo uma pesquisa citada por Calcing, 19% das pessoas que se separaram devido a questões financeiras mencionaram que foram surpreendidas com a negativação de seu nome por dívidas feitas pelo parceiro.

“Os casais muitas vezes subestimam a importância de falar sobre dinheiro no relacionamento, e isso pode ter repercussões graves”, explica a psicóloga. “A falta de comunicação financeira não só gera problemas econômicos, como também afeta a confiança e a harmonia do relacionamento. Casais que não conversam sobre suas finanças frequentemente evitam o tema por vergonha, insegurança ou para evitar conflitos.”

A evolução da dinâmica financeira nos casamentos

Outro ponto levantado por Calcing é a transformação na dinâmica financeira dos casamentos. Enquanto no passado era comum que o homem fosse o principal provedor, atualmente a maioria dos casais divide as despesas. Segundo a psicóloga, cerca de 40% dos casais entrevistados em pesquisas dividem igualmente as contas, e apenas 5% ainda mantêm um modelo tradicional em que apenas um dos parceiros assume as responsabilidades financeiras. “Esse novo arranjo financeiro nos casamentos exige mais diálogo e acordos claros para evitar conflitos futuros”, alerta.

Além disso, ela ressalta que o número de casais que possuem contas bancárias conjuntas caiu significativamente. Atualmente, 85% dos casais mantêm contas separadas, uma tendência que reflete a busca pela preservação da individualidade financeira. “Embora as contas separadas permitam que cada um tenha mais controle sobre o próprio dinheiro, essa prática pode criar barreiras de comunicação, especialmente se o casal não tiver combinado como vai gerenciar as despesas comuns”, aponta a psicóloga.

Preservação da individualidade e transparência

Uma questão central levantada durante o programa é a importância de manter um equilíbrio saudável entre a vida financeira compartilhada e a preservação da individualidade. Calcing defende que, mesmo com contas separadas, é essencial que os casais mantenham a transparência sobre suas finanças, discutam suas metas financeiras e respeitem a liberdade de cada um. “Não é necessário que o casal compartilhe todos os detalhes de sua renda, mas é crucial que haja abertura sobre os planos e gastos que afetam ambos”, explica. “É importante, por exemplo, que um casal possa sentar e planejar juntos objetivos como viagens, a compra de uma casa ou mesmo a chegada de um filho.”

Esse equilíbrio entre o conjunto e o individual pode evitar muitos conflitos, especialmente quando um dos parceiros faz despesas que impactam o orçamento familiar sem consultar o outro. “Comprar um bem caro ou contrair uma dívida sem comunicar o parceiro pode ser considerado infidelidade financeira, e isso mina a confiança no relacionamento”, adverte Calcing. Ela ressalta que preservar uma parte da renda para gastos pessoais é saudável e necessário, desde que seja feito de forma transparente e em harmonia com os objetivos do casal.

Educação financeira e diálogo: chaves para prevenir conflitos

Para evitar que a infidelidade financeira se torne um motivo de divórcio, a psicóloga sugere que o diálogo sobre dinheiro comece cedo no relacionamento. “Muitos casais só percebem a importância de discutir finanças depois que os problemas surgem. É fundamental que os casais conversem sobre dinheiro desde o início do relacionamento, discutindo não apenas as despesas, mas também as expectativas, planos de vida e prioridades”, orienta.

Calcing também menciona a importância de buscar educação financeira, tanto individual quanto em casal. Segundo ela, muitos conflitos decorrem da falta de conhecimento sobre como administrar o dinheiro, o que pode gerar ansiedade e insegurança. “Buscar orientação financeira, estabelecer um orçamento conjunto e criar uma reserva de emergência são medidas que podem ajudar os casais a se prepararem para imprevistos e evitarem que o dinheiro se torne uma fonte de estresse.”

Ela alerta ainda que a educação financeira deve começar desde a infância. “A forma como lidamos com dinheiro na vida adulta está diretamente relacionada ao que aprendemos na infância. Se as crianças crescem sem entender a importância de poupar e planejar, podem ter mais dificuldades financeiras no futuro, o que pode impactar seus relacionamentos”, explica.

Conclusão: O papel do diálogo e do planejamento

Por fim, a psicóloga reforça a necessidade de os casais reservarem um tempo regular para revisar suas finanças, ajustar seus planos e garantir que ambos estejam confortáveis com a forma como o dinheiro está sendo administrado. “Pode ser uma conversa difícil no início, mas é essencial para a saúde do relacionamento”, conclui Calcing. “O dinheiro está ligado a muitas emoções, como autoestima e segurança, e ignorar isso pode trazer consequências graves para o casal.”

Para casais que já enfrentam dificuldades financeiras, Calcing sugere buscar ajuda profissional, seja de um consultor financeiro ou de um terapeuta de casal. “Muitas vezes, é preciso a ajuda de um terceiro para facilitar a comunicação e ajudar o casal a encontrar soluções para seus problemas financeiros e emocionais”, finaliza.

  • Ouça a entrevista na íntegra:


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