A análise indica que a maioria das mortes, correspondendo a 73%, ocorreu em indivíduos com mais de 60 anos
A Secretaria da Saúde (SES) do Rio Grande do Sul divulgou nesta quinta-feira (18/4) um relatório sobre os óbitos causados pela dengue no estado. O documento, elaborado pelo Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs), destaca a necessidade de maior atenção aos sintomas da doença e ao cumprimento dos protocolos de tratamento.
De acordo com o relatório, foram registrados 73 óbitos no início do ano, com uma atualização na quarta-feira (17/4) elevando o total para 78. Este número supera o recorde anterior de 66 mortes em 2022. A análise indica que a maioria das mortes, correspondendo a 73%, ocorreu em indivíduos com mais de 60 anos.
Os sintomas mais comuns entre os casos fatais incluíram febre, dor muscular, dor de cabeça e náuseas. As comorbidades mais frequentes foram hipertensão, diabetes, cardiopatia e doença pulmonar obstrutiva crônica. Em 16% dos óbitos, não foram relatadas comorbidades. O relatório também aponta a procura tardia por atendimento médico e o manejo clínico não totalmente alinhado aos protocolos como fatores contribuintes para os desfechos fatais.
Além disso, a nota informativa detalha os principais sinais de alerta da doença, que indicam um agravamento do quadro clínico, como plaquetopenia e hipotensão postural ou lipotimia, observados em mais da metade dos óbitos. Para casos que evoluíram para dengue grave, os sintomas mais frequentes foram pulso débil ou indetectável, extremidades frias, taquicardia e hipotensão arterial.
A análise revelou que os pacientes buscaram atendimento médico em média duas vezes antes da internação ou suspeita de dengue, com uma média de 2,6 dias após o início dos sintomas para o primeiro atendimento e 4,4 dias até a hospitalização. Os óbitos ocorreram, em média, 8,3 dias após o surgimento dos primeiros sintomas.
Fatores identificados como causas potenciais para o óbito incluem o não reconhecimento dos sinais de alarme, procura tardia por serviços de saúde, manejo clínico inadequado, dificuldade de acesso, hidratação insuficiente, ausência de classificação de risco conforme o fluxograma do Ministério da Saúde, não realização de hemograma ou resultados de hemogramas em tempo inoportuno.
A SES enfatiza a importância do conhecimento dos profissionais de saúde sobre o diagnóstico e manejo clínico da dengue, especialmente em casos graves. Recomenda-se que os gestores municipais organizem fluxos de atendimento, capacitem profissionais e disponibilizem exames em tempo oportuno.
Em março, o governo estadual anunciou iniciativas para reforçar o atendimento a pacientes com suspeita de dengue, incluindo um painel on-line de suporte e autorização para enfermeiros requisitarem exames. Foi realizado um repasse extraordinário de R$ 13,8 milhões aos municípios para implementar ações de vigilância e assistência no combate à dengue e outras arboviroses.
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