A Oxfam divulgou nesta segunda-feira (1º), Dia do Trabalhador, um relatório que aponta uma queda de 6,9% no salário médio dos trabalhadores brasileiros em 2022. Esse índice é superior à média mundial de recuo, que foi de 3,19% em 50 países analisados. Os números são baseados em dados da Organização Internacional do Trabalho e agências governamentais de estatísticas, e estão ajustados pela inflação.
De acordo com a Oxfam, a recuperação do emprego no Brasil tem ocorrido às custas de trabalho informal, precário e com menos acesso a direitos, resultando em uma renda média menor para os trabalhadores. Segundo o coordenador de Justiça Econômica da organização, Jefferson Nascimento, essa situação contrasta com a evolução dos dividendos de acionistas no país, que receberam cerca de 24% a mais em 2022 do que em 2021.
Os pagamentos feitos aos acionistas, considerados "exorbitantes" pela Oxfam, beneficiam os mais ricos da sociedade, aumentando ainda mais os níveis já altos de desigualdade. A perda coletiva dos trabalhadores dos 50 países analisados foi de US$ 746 bilhões em salários reais, caso os pagamentos tivessem sido reajustados pela inflação.
Em 2022, os dividendos recebidos pelos acionistas foram um recorde de US$ 1,56 trilhão, o que representa um aumento de 10% em relação ao ano anterior. No Brasil, os acionistas de empresas receberam US$ 34 bilhões, quase o mesmo montante do que os trabalhadores do país tiveram em cortes em seus salários.
A diretora-executiva da Oxfam Brasil, Katia Maia, afirmou que enquanto os executivos de grandes empresas lucram com aumentos de seus salários e dividendos de ações, a grande parte da população, que é trabalhadora assalariada, tem seus salários reduzidos e mal consegue acompanhar o custo de vida em seus países. Ela classificou essa desigualdade como inaceitável e recomendou, durante o Fórum Econômico Mundial realizado em Davos em janeiro deste ano, o aumento da taxação dos super ricos.
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