A imunização de crianças contra a covid-19 avança no Rio Grande do Sul, mas há margem para melhorias. Se a campanha para a primeira dose continuar no ritmo atual, em que 9,3% do público entre cinco e 11 anos foram vacinados em 20 dias (dados correspondentes ao período que vai de 19 de janeiro até a manhã desta segunda-feira, 7 de fevereiro), é possível estimar que só por volta do dia 22 de agosto é que 100% das crianças dessa faixa etária poderão estar vacinadas.
A campanha de vacinação passou a incluir a população entre cinco e 11 anos no dia 19 de janeiro e, desde então, 89.337 doses já foram aplicadas nesse público alvo. O levantamento é da Secretaria Estadual da Saúde (SES), que estima que o grupo contenha 964 mil pessoas. O intervalo entre doses praticado no Estado é de 28 dias para a CoronaVac e de oito semanas para a Pfizer, de forma que, no momento, as crianças ainda não estão aptas a receber a segunda aplicação.
A meta que o governo estadual busca, no caso do combate ao coronavírus, é alcançar ao menos 90% da população entre cinco e 11 anos, já que a imunização não é obrigatória, pondera Ana Costa, secretária adjunta de Saúde do Estado. O entendimento da secretária é de que a campanha deve ser acelerada, mas há que ser considerado o fato de que algumas informações sobre o número de vacinados podem não terem sido computadas ainda.
Segundo ela, um dos motivos para isso é que o SIPNI — Sistema de Informações do Programa Nacional de Imunizações, onde são depositados os dados da vacinação — esteve fora do ar em janeiro por conta de um ataque hacker ao Ministério da Saúde. O Estado trabalha para atualizar os números, ao mesmo tempo em que pede que os municípios coloquem em dia seus registros recentes. As prefeituras também receberam, na última semana, um regramento para organizarem campanhas extramuros — ação em que a vacina é oferecida em diferentes pontos das cidades, e não só nas unidades de saúde.
"Apesar de termos aproximadamente esses 9% referidos de vacinados, acreditamos que ainda há problemas com registros. Já pedimos ao Cosems (Conselho de Secretarias Municipais de Saúde do Rio Grande do Sul) que reforce junto aos municípios o compromisso da digitação dos dados da vacinação porque, como tivemos muitas contaminações pelo coronavírus nas últimas semanas, acreditamos que o registro acabou não sendo a prioridade do momento. Isso, junto com o estímulo à vacinação extramuros, pode ajudar a termos números melhores do que os que estamos enxergando", afirma a secretária.
A pasta da Saúde já esperava que a campanha infantil fosse mais lenta que a dos adultos, já que envolve um esforço de convencimento e acolhimento das que têm medo da vacina, além de uma atenção maior às dúvidas dos pais. Ainda assim, entende que é necessário reforçar o incentivo à vacinação, já que o problema da falta de doses — fator que segurou o avanço da campanha de vacinação dos adultos — não parece ser o caso para a imunização dos pequenos. De acordo com a SES, com a nova remessa que será distribuída aos municípios nesta semana, o Estado já terá entregue 80% das ampolas necessárias para concluir a vacinação do grupo com a primeira dose.
"Não há uma ideia de que faltem vacinas. Temos um número muito considerável de vacinas já distribuídas e também chegaram novas doses pediátricas da Pfizer, além das doses de CoronaVac que já estão disponíveis. Falta de vacina não é um problema de nível estadual, embora possa ser um problema pontual em alguns municípios, mas que é resolvido rápido pois as remessas estão chegando com regularidade", explica Ana Costa.
O professor do Departamento de Matemática Pura e Aplicada da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) Álvaro Krüger Ramos, que tem trabalhado com dados relativos à pandemia nos últimos dois anos e revisou as estimativas apontadas nesta reportagem, pondera que pode haver uma tendência de desaceleração no ritmo da campanha, já que os pais mais interessados em vacinar seus filhos costumam fazê-lo no início da campanha, aumentando a demanda inicial.
Dados nacionais
Um levantamento feito pela Globonews junto a secretarias estaduais da Saúde de todo o país aponta que 18,8% das crianças de cinco a 11 anos receberam a primeira dose do imunizante contra a covid-19. São pouco mais de 3,7 milhões de imunizados, de um total de cerca de 20 milhões pessoas nessa faixa etária. São Paulo é o Estado que mais vacinou, com 48%, enquanto a Paraíba ocupa o último lugar, com apenas 1,8%. Nesse levantamento, que não inclui dados de seis unidades da Federação, o Rio Grande do Sul aparece com índice de 8%, na 14ª posição.
Fonte: GZH
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