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Rio Grande do Sul deve colher 37,1 milhões de toneladas de grãos, segunda maior safra da história, impulsionada por alta na produção de soja e trigo

Conab projeta crescimento de 34,5% na produção total do estado em relação ao ciclo anterior, destacando recuperação após adversidades climáticas enfrentadas no passado

 

O Rio Grande do Sul está a caminho de registrar sua segunda maior safra de grãos na história, com a produção estimada em 37,1 milhões de toneladas para o ciclo 2023/24. Segundo o 11º Levantamento de Safra de Grãos divulgado nesta terça-feira pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o volume representa um aumento significativo de 34,5% em relação ao ciclo anterior, quando o estado colheu 27,6 milhões de toneladas. Este crescimento reflete uma recuperação importante após as dificuldades enfrentadas nas últimas safras, marcadas por adversidades climáticas.

A área total destinada ao plantio no estado foi ampliada em 1%, atingindo 10,4 milhões de hectares. O presidente da Conab, Edegar Pretto, destacou a relevância do Rio Grande do Sul no cenário agrícola brasileiro, sendo o terceiro maior produtor de grãos do país, atrás apenas de Mato Grosso e Paraná. “O estado se mantém como o maior produtor de arroz e de trigo do Brasil, além de ter a segunda maior produção de soja, atrás apenas de Mato Grosso. Esses resultados reforçam a importância do Rio Grande do Sul para a segurança alimentar do país”, afirmou Pretto.

Principais culturas no Rio Grande do Sul

A produção de soja, principal cultura do estado, deve alcançar 19,65 milhões de toneladas, representando um expressivo aumento de 51% em relação à safra anterior. A área plantada com soja também cresceu, chegando a 6,76 milhões de hectares, um aumento de 3,2%. Este crescimento é atribuído, em parte, às condições climáticas mais favoráveis durante o desenvolvimento da cultura, além de investimentos em tecnologia e manejo por parte dos produtores.

Outro destaque é a produção de trigo, que deve atingir 4,19 milhões de toneladas, um crescimento de 44,5% em comparação com o ciclo passado. Apesar de uma redução de 10,6% na área plantada, que totalizou 1,34 milhão de hectares, o aumento na produtividade compensou a diminuição da área. O trigo é uma cultura de grande importância para o Rio Grande do Sul, que é o maior produtor do cereal no Brasil, contribuindo significativamente para o abastecimento interno.

A produção de arroz no estado também apresentou crescimento, com um aumento de 3,3%, totalizando 7,16 milhões de toneladas. A área plantada com o cereal cresceu 4,4%, atingindo 900,6 mil hectares. O Rio Grande do Sul continua a ser o maior produtor de arroz do país, e a estabilidade da produção desta cultura é essencial para o mercado interno, especialmente no fornecimento do grão para outras regiões.

No caso do feijão, o estado colheu 71,7 mil toneladas, um incremento de 1,4% em relação ao ciclo anterior. A área plantada com feijão somou 48,5 mil hectares, um crescimento de 1,9%. Embora a produção de feijão no Rio Grande do Sul não seja tão expressiva quanto a de outras culturas, ela desempenha um papel importante na diversificação agrícola do estado.

Cenário nacional da produção de grãos

Em nível nacional, a produção brasileira de grãos está projetada para alcançar 298,6 milhões de toneladas no ciclo 2023/24, uma redução de 21,2 milhões de toneladas em comparação ao ciclo anterior. Esta queda é atribuída principalmente às adversidades climáticas que afetaram a produtividade média das lavouras, especialmente durante o desenvolvimento das culturas de primeira safra, como milho e soja. A seca e as altas temperaturas prejudicaram o desenvolvimento das plantas em importantes regiões produtoras, como o Centro-Oeste, o Sudeste e a região do Matopiba.

A colheita do milho segunda safra, que é a mais representativa em termos de volume, está em fase final, com a produção estimada em 90,28 milhões de toneladas. Apesar do avanço da colheita, que já superou 90% da área cultivada, a produtividade variou significativamente de acordo com as condições climáticas e o manejo adotado. As regiões onde o plantio ocorreu dentro da janela ideal, principalmente entre janeiro e meados de fevereiro, conseguiram manter produtividades dentro do esperado ou até superiores ao ciclo anterior, graças à regularidade das chuvas. No entanto, estados como Paraná, São Paulo e Mato Grosso do Sul enfrentaram veranicos em março e abril, aliados a altas temperaturas e ataques de pragas, o que comprometeu o potencial produtivo do cereal.

A produção total de milho no Brasil para o ciclo 2023/24 é projetada em 115,65 milhões de toneladas, representando uma queda de 12,3% em relação à safra passada. Além da redução na produtividade, houve também uma diminuição na área destinada ao plantio tanto na primeira quanto na segunda safra, o que impactou as expectativas de colheita.

Outra cultura de destaque é o algodão, que tem previsão de aumento tanto na área plantada quanto no desempenho das lavouras, impulsionado por condições climáticas favoráveis. A Conab projeta uma colheita recorde de 3,64 milhões de toneladas de algodão em pluma, refletindo um cenário positivo para os produtores da fibra no Brasil.

Em relação ao feijão, a produção total no Brasil deve alcançar 3,26 milhões de toneladas, um aumento de 7,3% em comparação ao ciclo anterior. No entanto, a segunda safra da leguminosa sofreu impactos negativos devido à incidência de doenças, ataques da mosca-branca e à falta de chuvas em regiões produtoras importantes. A terceira safra de feijão, que está em estágio de desenvolvimento à maturação, é estimada em 812,5 mil toneladas, com a colheita já iniciada em Goiás.

Por fim, a produção de arroz no Brasil teve um aumento de 5,6%, chegando a 10,59 milhões de toneladas. Apesar do crescimento na área plantada, a produtividade média foi afetada por instabilidades climáticas, especialmente no Rio Grande do Sul, maior produtor do grão. Mesmo assim, o aumento da área cultivada compensou as perdas de produtividade, garantindo uma colheita maior.

A soja, principal cultura do Brasil, deve registrar uma produção de 147,38 milhões de toneladas, uma redução de 4,7% em relação ao ciclo anterior. As áreas semeadas entre setembro e outubro, especialmente nas Regiões Centro-Oeste e Sudeste, enfrentaram desafios climáticos, como baixos índices pluviométricos e altas temperaturas, o que resultou em replantios e perdas de produtividade.

No que se refere às culturas de inverno, o trigo é o principal destaque. A semeadura está praticamente concluída nos estados da Região Sul, que concentram 85% da área cultivada com o cereal no país. No Rio Grande do Sul, o plantio foi finalizado após um atraso inicial devido ao excesso de chuvas. A área destinada ao trigo no Brasil sofreu uma redução de 11,6%, estimada em 3,07 milhões de hectares, mas a expectativa é que as condições climáticas favoráveis durante o desenvolvimento das plantas compensem a redução da área plantada.

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