Rendimento de trabalhadores com Ensino Superior no RS recua 12% em 12 anos, enquanto faixa com menor escolaridade cresce 60%
- Andrei Nardi
- 9 de dez. de 2024
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Oferta de profissionais com formação superior supera demanda, pressionando rendimentos, aponta IBGE
O rendimento médio real de pessoas com Ensino Superior no Rio Grande do Sul caiu 12,26% nos últimos 12 anos, conforme dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) do IBGE. Em contrapartida, o rendimento médio de trabalhadores com menor escolaridade registrou um aumento de 60,63% no mesmo período.
No terceiro trimestre de 2024, profissionais com Ensino Superior recebiam, em média, R$ 6.708, valor inferior aos R$ 7.645 registrados no mesmo período de 2012, corrigidos pela inflação. Já o rendimento médio daqueles sem instrução ou com menos de um ano de estudo saltou de R$ 1.369 para R$ 2.199 no intervalo.
Oferta supera demanda
Especialistas apontam que o aumento no número de pessoas com Ensino Superior no Estado — de 884 mil em 2012 para 1,721 milhão em 2024 — contribuiu para a queda nos rendimentos. Ao mesmo tempo, o contingente com baixa escolaridade recuou de 274 mil para 209 mil, reduzindo a oferta e elevando a remuneração dessa classe.
"Se tem pouca gente no Estado com baixa escolaridade, essas pessoas são mais disputadas para ocupações que não requerem formação", analisa Walter Rodrigues, coordenador da Pnad Contínua no RS.
Impacto na qualificação
Lisiane Fonseca da Silva, economista da Universidade Feevale, destaca que o crescimento no número de pessoas com formação superior reflete incentivos como financiamentos estudantis e a ampliação da oferta de cursos. Entretanto, em áreas onde a oferta de mão de obra qualificada supera a demanda, há um achatamento salarial.
"Quando há excedente, o preço tende a cair. Além disso, pessoas mais qualificadas tendem a atuar em áreas específicas, enquanto trabalhadores menos qualificados têm maior versatilidade", avalia.
Tendências para o mercado de trabalho
Com a expansão da população com Ensino Superior, especialistas alertam que a formação tende a se tornar um pré-requisito básico para o mercado de trabalho.
"Até agora, o Ensino Superior garante maior rendimento. Mais adiante, será uma condição mínima para ingressar no mercado", projeta Moisés Waismann, do Observatório Unilasalle.
O comportamento da renda entre os diferentes níveis de instrução, segundo Fonseca, dependerá da dinâmica econômica nos próximos anos e da diversificação das áreas de atuação.

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