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Precipitações recentes no Rio Grande do Sul afetam colheita de soja, mas não comprometem safra 2023/2024

As chuvas reduziram o ritmo de colheita da soja, mas a produtividade das lavouras permanece satisfatória

 

As precipitações recentes no Rio Grande do Sul afetaram o ritmo de colheita da soja. Atualmente, 66% da área cultivada na safra 2023/2024 foi colhida, com 28% ainda em maturação e 6% das lavouras em enchimento de grãos. Segundo o Informativo Conjuntural divulgado na quinta-feira (25/04) pela Emater/RS-Ascar, vinculada à Secretaria Estadual de Desenvolvimento Rural (SDR), as chuvas volumosas que ocorreram na região Centro-Oeste do estado, onde superaram 250 mm, provocaram a debulha de vagens e o transbordamento de cursos d’água, afetando diretamente as lavouras.

À medida que a colheita avança para o terço final, observa-se uma tendência de redução na produtividade das lavouras. Essa diminuição ocorre após um pico de rendimento, em que as lavouras de melhor desempenho expressaram potencial produtivo superior a 5.400 kg/ha. A redução é percebida a partir do início da colheita de lavouras mais tardias, afetadas por problemas fitossanitários, especialmente ferrugem-asiática. Contudo, essa situação não compromete a safra atual, que é considerada bastante satisfatória. A estimativa da produtividade permanece em 3.329 kg/ha.

A colheita do milho avançou 4% em relação ao período anterior, atingindo 82% no estado. O ritmo da colheita ainda está um pouco lento em razão da priorização de colheita da soja e das precipitações, que dificultaram a operação. Os preços recebidos pelos produtores têm se apresentado inferiores ao desejado. A remuneração, por vezes insatisfatória, somada aos riscos de estiagem e à incidência elevada de pragas – especialmente cigarrinha – afetam a intenção de plantio da próxima safra, que poderá sofrer redução de área. A área de cultivo está estimada em 812.795 hectares, e a produtividade atual em 6.464 kg/ha.

A colheita e a ensilagem do milho silagem foram prejudicadas pela recorrência de chuvas desde o período anterior, impedindo as atividades no campo. Só foi possível realizar novas ensilagens a partir de 19/04, quando os terrenos e as plantas alcançaram níveis mais adequados de umidade. Apesar dessas condições adversas, a colheita está se aproximando da conclusão ao Norte do estado, restando áreas mais extensas ao Sul. A produtividade projetada permanece em 35.518 kg/ha.

A colheita do feijão da 1ª safra foi concluída. A safra foi considerada satisfatória. Estimam-se 25.264 hectares cultivados e 1.930 kg/ha de produtividade.

As lavouras de feijão da 2ª safra encontram-se 13% em floração; 38% em enchimento de grãos; 33% em maturação; e 16% foram colhidos. As atividades de manejo foram dificultadas pela alta umidade devido às chuvas e à presença de orvalho. A área cultivada em 2ª safra, no estado, está estimada em 19.900 hectares, e a produtividade projetada é de 1.568 kg/ha. No entanto, os resultados iniciais da colheita indicam uma tendência de aumento de 8% em relação à produtividade inicial, mas essa proporção precisa ser confirmada à medida que a safra avançar.

As chuvas atrasaram a colheita do arroz, prolongando o período adequado para a realização da operação em algumas lavouras que já estão maduras há algumas semanas, aumentando o risco de perdas em razão dos ciclos repetidos de umedecimento e secagem, que afetam a qualidade dos grãos. Avalia-se que aproximadamente 70% da área cultivada tenha sido colhida; 28% encontra-se em fase de maturação; e 2% ainda estão em enchimento de grãos. A área cultivada no estado está estimada em 900.203 hectares, conforme o Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga). A produtividade está estimada em 8.325 kg/ha, segundo a Emater/RS-Ascar, mas há possibilidade de elevação, dependendo do sucesso na colheita das últimas lavouras.

Na região administrativa da Emater/RS-Ascar de Caxias do Sul, iniciou a nova safra da cebola a partir da semeadura de variedades superprecoces. As primeiras sementeiras implantadas apresentam boa germinação e estande, porém ocorreram alguns problemas de tombamento, causado pelas chuvas. O preço da semente se dá de acordo com a marca e a variedade, mas as mais tradicionais cultivadas na região estão sendo adquiridas de R$ 780,00 a R$ 1.340,00/kg. No sistema de sementeira, são semeados cerca de dois quilos de sementes por hectare, que posteriormente passam pelo transplantio. Realiza-se a correção de acidez e de fertilidade dos solos nas áreas de plantio em algumas áreas. Muitos produtores estão providenciando os custeios através do Pronaf com os agentes financeiros. A expectativa de intenção de plantio para a safra 2024/2025 é de redução considerável da área a ser implantada.

Na região de Pelotas, segue o período de entressafra da cebola. Os produtores solicitam projetos de custeio para financiar a safra 2024/2025 com os agentes financeiros, bem como negociam e adquirem insumos. Já iniciaram as implantações das sementes de cebola para produção de mudas, que serão transplantadas a partir de junho. Essas mudas são todas cultivadas diretamente em canteiros no chão. Estima-se pequeno aumento de área plantada na região, limitado à disponibilidade de mão de obra. O preço pago aos produtores pela cebola caixa 3 está em R$ 5,75/kg.

Na maioria das propriedades, as pastagens de inverno implantadas ainda não atingiram a altura ideal para a introdução dos animais, embora alguns produtores já tenham começado a liberar bovinos nessas áreas. Em algumas regiões, as chuvas recorrentes causaram dificuldades no manejo das pastagens anuais de verão. Muitas áreas foram severamente encharcadas, resultando no arranque e no pisoteio excessivo das plantas, o que provocou perda significativa de disponibilidade de pastagens. Já nas pastagens nativas e perenes cultivadas, houve boa produção de forragem, apesar da redução da temperatura e luminosidade nas últimas semanas.

Devido ao período de vazio forrageiro, a produção de leite está em declínio nas propriedades dependentes exclusivamente de pastagens anuais cultivadas. Por outro lado, em muitas propriedades, os produtores que utilizam silagem de milho relatam produtividade satisfatória em decorrência da boa qualidade das silagens desta safra. Apesar das adequadas condições dos rebanhos, as infestações por carrapato persistem, exigindo medidas de controle contínuas.

Na região administrativa da Emater/RS-Ascar de Bagé, estão em plena atividade de coleta de néctar e pólen os apiários instalados próximos de plantios comerciais de eucalipto ou de formações florestais e campestres nativas em floração. Na de Caxias do Sul, a não ocorrência de chuvas.

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