Polícia conclui que não houve crime na morte de Edelvânia Wirganovicz, condenada pelo assassinato de Bernardo Boldrini
- Andrei Nardi
- há 13 horas
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Laudo aponta suicídio no Instituto Penal Feminino de Porto Alegre; inquérito será enviado ao Ministério Público para análise
A Polícia Civil do Rio Grande do Sul divulgou na manhã desta quinta-feira (29 de maio) que não houve crime na morte de Edelvânia Wirganovicz, condenada pelo assassinato do menino Bernardo Uglione Boldrini, de 11 anos, em 2014. Ela foi encontrada sem vida dentro da cela que ocupava no Instituto Penal Feminino de Porto Alegre.
Segundo a investigação, Edelvânia estava em uma área segura e isolada da unidade prisional, com pouco contato com outras detentas. Depoimentos colhidos no inquérito indicaram que ela apresentava ideações suicidas devido à culpa pelo crime cometido e ao sentimento de abandono pela família.
“Ela tinha ideações suicidas por conta da culpa que sentia devido ao crime pelo qual foi condenada e também por ter envolvido o irmão. Além disso, estaria se sentindo abandonada pela própria família”, afirmou o delegado Gabriel Borges.
Ainda de acordo com a polícia, Edelvânia recebeu atendimento emergencial dentro do presídio, mas não resistiu. O inquérito policial foi concluído e será encaminhado ao Ministério Público (MP), responsável por avaliar se o caso deve ser encerrado. Caso o MP opine pelo arquivamento, caberá à Justiça decidir.
A prisão de Edelvânia
Edelvânia Wirganovicz estava cumprindo pena em regime semiaberto desde fevereiro de 2025, após ter a prisão domiciliar revogada. Condenada a 22 anos e 10 meses de reclusão por homicídio qualificado e ocultação de cadáver, ela havia passado, em 2023, a utilizar tornozeleira eletrônica, por decisão da 2ª Vara de Execuções Criminais da comarca de Porto Alegre, em razão da falta de vagas no sistema prisional.
Relembre o caso Bernardo
Bernardo Boldrini desapareceu no dia 4 de abril de 2014, em Três Passos, no Noroeste do Rio Grande do Sul. Ele foi visto pela última vez às 18h daquele dia, quando seguia para dormir na casa de um amigo. Dez dias depois, o corpo foi localizado enterrado às margens de um rio em Frederico Westphalen, já em avançado estado de decomposição. O atestado de óbito indicava morte violenta, mas não especificava a causa.
Segundo a investigação, Bernardo foi assassinado por envenenamento. A motivação estaria ligada a conflitos familiares envolvendo o pai, Leandro Boldrini, a madrasta Graciele Ugulini e a amiga do casal, Edelvânia, que planejaram o crime com promessa de recompensa financeira. O irmão de Edelvânia, Evandro Wirganovicz, também participou do caso.
As condenações
Em 2019, o júri popular decidiu pela condenação dos quatro réus:
Leandro Boldrini, pai da vítima, foi condenado a 33 anos e oito meses de prisão por homicídio quadruplamente qualificado e falsidade ideológica. Ele não foi condenado por ocultação de cadáver. Cumpre atualmente pena em regime semiaberto. Em março de 2024, havia sido selecionado para uma vaga no programa de residência médica do Hospital Universitário da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Em fevereiro de 2025, porém, teve o registro cassado pelo Conselho Federal de Medicina (Cremers) e foi desligado do hospital.
Graciele Ugulini, madrasta, foi condenada a 34 anos e sete meses de prisão por homicídio quadruplamente qualificado e ocultação de cadáver. Ela recebeu autorização para passar ao regime semiaberto.
Edelvânia Wirganovicz, amiga da madrasta, foi condenada a 22 anos e 10 meses de prisão por homicídio qualificado e ocultação de cadáver. Ela admitiu participação no crime e indicou o local onde Bernardo foi enterrado.
Evandro Wirganovicz, irmão de Edelvânia, foi condenado a nove anos e seis meses por homicídio simples e ocultação de cadáver. Segundo o Ministério Público, ele abriu a cova onde o corpo foi enterrado. O MP apontou que o crime foi cometido por motivo torpe, já que Edelvânia recebeu de Graciele a quantia de R$ 6 mil e a promessa de auxílio financeiro para a compra de um imóvel. Evandro, sabendo disso, ajudou a irmã em troca de vantagem econômica. Ele já cumpriu a pena e teve a extinção decretada em janeiro de 2024, estando atualmente em liberdade.
Próximos passos
O inquérito concluído pela Polícia Civil será encaminhado ao Ministério Público, que deverá analisar o caso e definir se recomendará o encerramento das investigações ou a adoção de novas medidas. Caso o MP opine pelo arquivamento, caberá à Justiça decidir pelo fechamento formal do caso.
