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Polícia Civil de RS cumpre mandados de prisão em Goiás e São Paulo em operação contra esquema de desvio de doações para vítimas das enchentes

Ação da Operação Dr. Money II – King of Money mira suspeitos de liderar fraudes envolvendo doações falsas para o Rio Grande do Sul

 

Na quarta-feira (19), a Polícia Civil do Rio Grande do Sul cumpriu mandados de prisão e busca em Goiás e São Paulo na segunda fase da Operação Dr. Money, chamada Dr. Money II – King of Money. A ação visa desmantelar um esquema de fraude que simulava campanhas de doações para vítimas da enchente no Rio Grande do Sul e desviava os valores para contas de golpistas. Entre os alvos está um suspeito de liderar o grupo, conforme o Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic).

Nesta fase da operação, um dos mandados de prisão preventiva foi cumprido contra um investigado de 20 anos, preso em Goiânia. "O alvo principal seria o responsável por liderar esse grupo que praticou o golpe que deu início à Operação Dr. Money. Verificamos que esse alvo participou da criação do site, que tem o layout do governo, que é a origem do golpe. Além de criar o site, ele encabeça o grupo e tem uma movimentação financeira muito maior que os outros envolvidos," explicou o diretor de investigações do Deic, delegado Eibert Moreira Neto.

A polícia identificou que o homem tinha vínculos com outros investigados na primeira fase da operação. Em suas contas, foram identificados ao menos R$ 36 milhões em movimentações financeiras suspeitas recentes. A análise financeira foi feita a partir dos conteúdos obtidos na primeira fase da operação, realizada em Balneário Camboriú, Santa Catarina, no fim de maio. Nessa etapa, buscas foram realizadas em uma cobertura de alto padrão na beira-mar, onde foram encontrados dois adolescentes e um jovem.

Segundo a polícia, o local funcionava como uma central para aplicação de golpes na internet. Foram apreendidos aparelhos eletrônicos e provas da participação dos suspeitos. Um adolescente de 16 anos localizado no imóvel já era alvo da investigação, mas na cobertura a polícia encontrou mais dois suspeitos, um de 17 e outro de 20 anos. A suspeita é de que os adolescentes atuassem como "players", responsáveis por rodar o golpe na internet.

"A investigação identificou uma ramificação envolvendo diversas pessoas por todo o Brasil. Todas se relacionavam com esse alvo de Goiânia. Esse alvo de Goiânia já possui seu próprio gateway de pagamentos," afirmou o delegado.

A operação desta quarta-feira faz parte da Força-Tarefa Cyber, criada para combater estelionatos e fake news envolvendo a tragédia climática que atingiu o Rio Grande do Sul em maio. "Todas as operações deflagradas pela Força-Tarefa Cyber da Polícia Civil, já realizadas em diversos estados do Brasil, vêm como um recado de que todas as pessoas que se aproveitaram desse momento de calamidade no Rio Grande do Sul serão encontradas e rigorosamente responsabilizadas. Não toleraremos que nenhum golpista lucre em cima da tragédia que vitimou tantas famílias gaúchas," declarou a diretora do Deic, delegada Vanessa Pitrez.

A polícia identificou ao menos três envolvidos na criação dos sites falsos. Além do preso em Goiânia, foi decretada a prisão de uma mulher de 46 anos, moradora de Luziânia, Goiás. Ela é mãe de um adolescente também investigado como integrante do grupo. Foram identificados ao menos R$ 3 milhões em movimentações suspeitas em nome dela. Segundo os investigadores, a próxima etapa seria a abertura de uma empresa para facilitar os golpes aplicados pela internet.

"A mãe desse alvo consta como sócia da empresa criada pelo adolescente de Balneário Camboriú. Eles estavam constituindo uma empresa, que na razão social seria um gateway de pagamento. Estavam criando seu próprio gateway," explicou o delegado.

Além dos dois mandados de prisão preventiva, a polícia também cumpre dois de busca em São Paulo, em endereços ligados aos investigados. A operação conta com o apoio das polícias civis de São Paulo e de Goiás.

De acordo com a polícia, o contato entre os investigados era feito pela internet. Em uma das conversas por mensagens obtidas, dois adolescentes discutem sobre os valores obtidos com os golpes. A intenção era usar 10% do valor arrecadado para fazer publicidade nas redes sociais. Um dos adolescentes sugere: "Vamo (sic) fazer uma parada? Se nós fizer (sic) 300k (mil) líquido com isso nós vai (sic) pegar nós mesmo (sic) ir pro RS pegar 30k (mil) e doar. Bora?" O outro responde "Animo". E em seguida o adolescente responde "Não. Nós ir pra lá. Fazer mídia."

O esquema usava um gateway de pagamento para tornar mais complexa a identificação do destinatário e forçar uma aparência de licitude dos valores. Para impulsionar a fraude e motivar as pessoas a doarem, os golpistas fingiam que a campanha já havia arrecadado somas milionárias. Um site foi criado, simulando uma campanha do governo do Rio Grande do Sul, com um link para outra página falsa com uma vaquinha virtual. Por meio dessa página, acessava-se um QR Code para pagamento por Pix. Quando a pessoa pensava estar fazendo a doação, concretizava-se o golpe, com o dinheiro sendo direcionado para o gateway de pagamento definido pelo golpista.

Desde o começo da Força-Tarefa Cyber, já foram investigados mais de 60 casos e abertos mais de 30 inquéritos para apurar estelionatos virtuais e notícias falsas. Até o momento, sete pessoas foram presas preventivamente e foram retiradas do ar ao menos 71 páginas, contas e publicações.


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