Lançada em 2023, a ferramenta já conta com a adesão de 5% do setor plástico e contribui para a economia circular e a redução do impacto ambiental
Apenas 25,6% das embalagens plásticas são recicladas atualmente no Brasil, de acordo com a Associação Brasileira da Indústria do Plástico (Abiplast). O material pode levar até 450 anos para se decompor e, por isso, o descarte inadequado traz danos ao meio ambiente. Para promover a reciclagem do plástico, a Abiplast e a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) desenvolveram a plataforma “Recircula Brasil”, que rastreia os resíduos plásticos desde a origem até a reinserção como matéria-prima em outro produto.
A ferramenta foi lançada em 2023 e já tem a participação de 5% do setor plástico. O presidente-executivo da Abiplast, Paulo Teixeira, explica que a plataforma permite saber quem transformou o resíduo em resina reciclada, quem comprou essa resina, que produto foi feito com ela e quanto de conteúdo reciclado tem esse produto. “A gente, junto com o governo federal, desenvolveu uma plataforma em que entra o resíduo e dali você sabe de qual cooperativa ele veio e aonde foi parar”, afirma.
A Cimflex é uma indústria plástica que oferece soluções para a construção civil e infraestrutura e que participa da plataforma Recircula Brasil desde o início. O diretor-presidente da empresa, Ricardo Jamil Hajaj, diz que a ferramenta atende às necessidades do setor e traz solidez para o mercado. “Esse sistema tem uma importância fundamental para a cadeia circular do plástico porque ele vai poder dar às empresas a garantia de rastreabilidade para os nossos clientes, a garantia de idoneidade do resíduo e da fonte e da aplicação, porque nós temos o controle total desde a nota de compra do resíduo até a nota de venda do produto acabado”, pontua.
A iniciativa se alinha à ideia de economia circular, um modelo econômico que busca reduzir o desperdício baseado nos princípios de reduzir, reutilizar e reciclar. A economia circular é um dos quatro pilares da missão de descarbonização do setor produtivo da Confederação Nacional da Indústria (CNI). Esse modelo de produção utiliza novos modelos de negócios, otimização nos processos de fabricação, menor dependência de matéria-prima virgem e priorização de insumos mais duráveis, recicláveis e renováveis.
Reciclagem No Brasil, cerca de 22 milhões de pessoas não têm acesso à cobertura de coleta domiciliar de lixo. Segundo dados do Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR), as regiões Norte e Nordeste apresentam os menores índices. O advogado e consultor em gestão de resíduos e economia circular Fabrício Soler destaca que a reciclagem potencializa o desenvolvimento de uma nova economia, gera emprego e renda.
"Potencializa a aderência do Brasil com a agenda de economia circular e os critérios ambientais, sociais e governança do ESG. E, também, ao diminuir esse volume de aterros sanitários e de lixões, nós estamos evitando que recursos sejam encaminhados para disposição final. E muitas vezes de forma inadequada porque eles vão parar em lixões e podem estar impactando o ambiente quando vão para lixões”, explica.
O Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil 2022, publicado pela Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), mostra que o país gerou cerca de 81,8 milhões de toneladas de resíduos em um ano, o que corresponde a 224 mil toneladas diárias. Em média, cada brasileiro produziu 1,043kg de resíduos por dia.
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