Universidades avaliam intervenções nos rios Paloma e Azul após inundações
Um grupo de pesquisadores da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) e da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões (URI), de Erechim, realizou uma visita técnica em Barra do Rio Azul, a cerca de 70 km de Getúlio Vargas. O objetivo era identificar possíveis soluções para evitar novas enchentes na cidade de 1,9 mil habitantes, que enfrentou duas inundações nos últimos seis meses.
A situação levou o poder público municipal a considerar a possibilidade de realocar casas e comércios para uma área destinada a sediar o distrito industrial, localizada a 600 metros do centro da cidade. No entanto, a opção mais provável no momento é realizar intervenções nos rios Paloma e Azul, que circundam a cidade. Uma das possíveis intervenções seria alargar o curso dos rios para minimizar a necessidade de realocação da população.
“Em novembro, achamos que seria a pior cheia, mas em maio foi 40% maior. Não podemos esperar a terceira enxurrada, temos que fazer as obras preventivas. Esse projeto vai determinar quais as áreas de risco, o quanto teria que alargar os rios. Se houver necessidade de intervir na parte urbana, vamos conversar com os moradores e oferecer uma nova área, num local mais alto e seguro, para que possam reconstruir”, disse o prefeito Marcelo Arruda.
A primeira reunião entre as lideranças do município e representantes das universidades ocorreu em 9 de maio. Na ocasião, os pesquisadores apresentaram as primeiras alternativas para Barra do Rio Azul, incluindo a avaliação integrada da Bacia do Rio Paloma e Rio Azul e a construção de novas pontes na cidade. O objetivo é proporcionar um maior fluxo de água com mais velocidade, reduzindo a possibilidade de saída para fora do leito.
Nesta quarta-feira (15), o grupo viajou a Barão de Cotegipe, município onde ficam as nascentes dos rios, e realizou um mapeamento por drone para captar imagens que irão servir de apoio aos estudos. “Tivemos muita água deslocada para o canal principal dos rios e muito material lenhoso vegetal, que atingiu a cidade como um todo, destruindo as pontes e fazendo com que a água transbordasse. Olhamos as nascentes e fizemos o percurso para entender quais fatores podem ser pensados a longo prazo nas bacias e, consequentemente, ter um risco menor para os moradores”, relatou o geógrafo Vanderlei Decian, pesquisador da URI Erechim.
Segundo a prefeitura de Barra do Rio Azul, as duas bacias que circulam a cidade têm cerca de 16 mil hectares. A inundação teria ocorrido após o represamento dos rios nas duas pontes do município, que acabaram “travando” os entulhos de desmoronamentos ocorridos em outros locais.
“A situação precisa ser tratada dentro os comitês de bacias hidrográficas. Essas águas que vertem para Barra do Rio Azul nascem nos municípios vizinhos. Por isso, é importante que as prefeituras possam dialogar para prever soluções coletivas”, reforçou o professor de Geografia da UFFS, João Paulo Peres Bezerra.
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