Palestra em Getúlio Vargas aborda intervenção em casos de risco de suicídio
- Andrei Nardi
- há 13 horas
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Evento do Setembro Amarelo, com a psicóloga Juliana Polesello, reuniu profissionais da saúde e comunidade para debater o tema e apresentou dados sobre o cenário global e nacional
O Salão de Atos da Prefeitura de Getúlio Vargas recebeu, na tarde de segunda-feira, 1º de setembro, a palestra “Acolher, Avaliar, Agir: Intervenção Inicial no Risco de Suicídio”, ministrada pela psicóloga Juliana Polesello. O evento, que faz parte da programação do Setembro Amarelo, foi promovido pela Secretaria Municipal de Saúde e Assistência Social em parceria com o CAPS I Ana Deolinda Fischer e reuniu profissionais da saúde, gestores e representantes da comunidade.
Durante a apresentação, Juliana Polesello alertou para a gravidade do cenário. ‘Mais de 720 mil pessoas morrem por suicídio todos os anos no mundo. No Brasil, em 2018, foram registradas 12.733 mortes, o que equivale a cerca de 35 por dia. Entre adolescentes, o crescimento dos casos nos últimos anos é ainda mais preocupante, chegando a 81%. É a terceira causa principal de morte entre jovens e 15 a 19 anos’, afirmou a psicóloga, que utilizou imagens e gráficos para reforçar a situação.
Fatores de risco e desafios
A palestrante ressaltou que o suicídio é um fenômeno complexo e não pode ser atribuído a uma única causa. ‘Não se trata apenas de transtornos mentais. Há fatores sociais, biológicos e culturais envolvidos. Muitas vezes, a questão central não é o desejo de morrer, mas de cessar uma dor psicológica insuportável’, explicou.
Entre os fatores de risco citados por Juliana estão tentativas anteriores, histórico familiar, abuso na infância, impulsividade, isolamento social, doenças crônicas, perdas afetivas, desemprego e uso de substâncias. Ela também destacou a importância da escuta qualificada: ‘Perguntar diretamente sobre pensamentos suicidas não induz ninguém ao ato. Pelo contrário, é fator de proteção’.
Romper mitos e cuidar da linguagem
Outro ponto abordado foi a necessidade de desconstruir mitos e ter cuidado com a linguagem usada para tratar do tema. Expressões como “suicídio bem-sucedido” ou “ameaça de suicídio” foram apontadas como inadequadas por reforçarem estigmas. A recomendação é utilizar os termos corretos, como morte por suicídio, tentativa de suicídio ou ideação suicida.
Compromisso coletivo
Para o secretário de saúde e assistência social, Elgido Pasa, o encontro reforça o papel da rede de atenção em saúde mental no município. A coordenação do CAPS I também se manifestou, destacando que ‘o Setembro Amarelo é um chamado para fortalecer a escuta, o acolhimento e a esperança. Nossa missão é valorizar a vida em todas as suas dimensões’.