OMM alerta para possível transição para La Niña entre outubro de 2024 e fevereiro de 2025, o que pode impactar padrões de chuva e temperatura em várias regiões brasileiras
A Organização Meteorológica Mundial (OMM) afirmou nesta quarta-feira (11) que há uma probabilidade de 60% do surgimento de condições de La Niña entre o final de 2024 e o início de 2025. O fenômeno, que ocorre devido ao resfriamento das águas da superfície do Oceano Pacífico central e oriental, pode afetar o clima em várias partes do mundo, incluindo o Brasil.
Atualmente, as condições do fenômeno estão "neutras", sem a influência de El Niño ou La Niña. As previsões da OMM indicam uma probabilidade de 55% de que essas condições neutras passem para La Niña entre setembro e novembro deste ano, aumentando para 60% de outubro de 2024 a fevereiro de 2025. A Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos (NOAA, na sigla em inglês) prevê que o La Niña atingirá seu pico entre novembro e janeiro, com 74% de probabilidade em dezembro.
Efeitos esperados no clima brasileiro
Para o Brasil, os efeitos do La Niña incluem aumento das chuvas nas regiões Norte e Nordeste, tempo seco no Centro-Sul, chuvas irregulares e condições mais favoráveis para a entrada de massas de ar frio, o que pode gerar maior variação térmica. No final deste inverno, as previsões indicam que grande parte do país enfrentará condições de tempo seco, com chuvas acima da média apenas na faixa norte da Região Norte, sul do Mato Grosso do Sul e de São Paulo, e em partes da Região Sul.
As temperaturas devem permanecer elevadas em quase todo o Brasil, com a possibilidade de novas ondas de calor, especialmente nas áreas do Pará, Amazonas, Rondônia, Tocantins, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Maranhão e Piauí, onde as médias podem ultrapassar os 30ºC. No Sul, os estados devem ter temperaturas acima da média, mas as regiões de maior altitude ainda podem registrar temperaturas abaixo dos 12ºC, como também deve ocorrer em áreas do Sudeste.
Mudanças climáticas e tendências globais
Apesar da previsão de um resfriamento temporário trazido pelo La Niña, a OMM alerta que o aquecimento global causado pelo homem continua a aumentar as temperaturas globais e a intensificar eventos climáticos extremos. Segundo Celeste Saulo, secretária-geral da OMM, mesmo que o La Niña ocorra, ele não mudará a tendência de longo prazo de aquecimento global devido aos gases de efeito estufa que retêm o calor na atmosfera.
Contraste com o El Niño
O fenômeno La Niña ocorre a cada 3 a 5 anos, com um resfriamento de pelo menos 0,5°C nas águas do Pacífico, contrastando com o El Niño, que aquece essas águas e traz impactos opostos ao clima. O último El Niño foi um dos mais intensos já registrados, com efeitos significativos por todo o Brasil, incluindo secas no Norte e Nordeste e chuvas excessivas no Sul e Sudeste.
Mesmo com a possível chegada de um novo La Niña, os efeitos de longo prazo do aquecimento global devem continuar a afetar padrões climáticos, com os últimos nove anos sendo os mais quentes já registrados. Segundo especialistas, a influência do La Niña pode ser complexa e variada, dependendo da época do ano e das condições climáticas globais.
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