Medida pode ser adotada em 2024, e ministro de Minas e Energia promete análise criteriosa
O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) sugeriu nesta quinta-feira (19) a volta do horário de verão no Brasil. O governo federal, no entanto, ainda analisará a recomendação antes de tomar uma decisão definitiva. De acordo com o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, a avaliação será concluída nos próximos dez dias, com a possibilidade de implementação da medida para 2024, mas não necessariamente para todo o verão.
Reunião discute crise hídrica
A recomendação do ONS veio após uma reunião realizada no Rio de Janeiro, na sede do órgão, onde também participaram especialistas do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. Durante o encontro, foram apresentados dados sobre a crise hídrica que o Brasil enfrenta atualmente.
"O Cemaden monitora os índices pluviométricos desde 1950, e estamos no menor nível já registrado", afirmou Silveira, explicando que, apesar dessa situação, não há risco energético para 2024 devido ao planejamento prévio do governo.
Planejamento a longo prazo
Silveira destacou que, embora não haja risco iminente, é importante pensar no futuro. "Precisamos olhar para 2025 e 2026 com cautela", afirmou o ministro, ressaltando que a decisão sobre o horário de verão precisa ser tomada com serenidade, considerando diferentes alternativas e ouvindo todos os setores envolvidos.
Apesar de reconhecer que o horário de verão oferece benefícios, como aumento da confiabilidade e economia, o ministro não se mostrou totalmente convencido da necessidade de sua adoção. "Ainda creio que devemos avaliar mais antes de tomar a decisão. Não é algo simples, pois impacta a vida de todos os brasileiros", explicou.
Sustentabilidade e contexto internacional
O ministro também apontou que o horário de verão pode contribuir para a sustentabilidade energética, citando o Canadá como exemplo de país que adota a medida. Ele criticou a revogação do horário de verão em 2019, durante o governo anterior, chamando a decisão de "irresponsável" e "sem base científica".
"Em 2021, quase enfrentamos um colapso energético, que gerou um empréstimo de mais de R$ 5 bilhões e aumento de mais de 20% na conta de energia. Foi um período de negacionismo", disse Silveira.
Questões técnicas envolvidas
Mesmo com dúvidas sobre a adoção do horário de verão em 2024, o ministro mencionou que a medida poderia aliviar o sistema elétrico em horários críticos, como entre 18h e 21h, quando o uso das usinas térmicas é mais intenso e caro. Ele também destacou que, apesar de haver maior demanda de transmissão entre 14h e 16h, o pico de geração de energias renováveis, como a solar, ajuda a equilibrar o sistema nesse período.
Comentários