Até 19 de setembro, o Estado já realizou 1.149 transplantes, mas 40% das famílias ainda recusam doações
De janeiro a 19 de setembro, o Rio Grande do Sul contabilizou 1.149 transplantes de órgãos, segundo dados apresentados pela Secretaria da Saúde (SES). O número de doadores efetivos, ou seja, casos em que foi possível realizar a retirada de órgãos, atingiu 158 pessoas, representando 30% das notificações de morte cerebral nos hospitais, uma média superior à nacional, que é de 19%. No entanto, o índice de 2024 ficou ligeiramente abaixo dos 33% registrados em 2023.
Dados da fila de espera e desafios logísticos
Atualmente, 2.634 pessoas aguardam na fila por um transplante no Estado. Os órgãos mais demandados são rim (1.177) e córnea (1.130), seguidos por fígado (151), pulmão (65) e coração (11). Apesar das enchentes que afetaram a logística de doações em abril e maio, o número de transplantes se manteve próximo aos indicadores de 2023, um ano considerado excepcional para o volume de doações no Rio Grande do Sul.
Semana Estadual de Doação de Órgãos
A Semana Estadual de Doação de Órgãos, iniciada em 25 de setembro, busca sensibilizar a população sobre a importância desse ato solidário, que pode salvar até oito vidas com um único doador. O evento de abertura, realizado na sede do Conselho Regional de Medicina (Cremers) em Porto Alegre, incluiu a exibição de um vídeo produzido pela SES, que detalha todo o processo de um transplante, desde a doação até a cirurgia.
Durante a abertura, foi discutido como superar a resistência das famílias em autorizar doações, já que 40% das notificações de morte cerebral no Estado não resultaram na captação de órgãos devido à negativa familiar. "Esse é um trabalho permanente, diário, e a mudança cultural se faz necessária", afirmou a secretária da Saúde, Arita Bergmann. Ela destacou a missão de continuar promovendo a importância das doações para salvar vidas.
Avanços e desafios
O coordenador da Central Estadual de Transplantes, Rogério Caruso, apontou que, apesar da alta taxa de recusas, houve uma redução em comparação com anos anteriores, quando o índice era de 50%. Suelen Arduin, diretora do Departamento de Regulação Estadual (DRE), reforçou que o Estado se destaca como referência nacional em transplantes de rim e pulmão pediátricos, além de liderar as doações desses órgãos.
Depoimento e campanha de incentivo
Bárbara Emanuel, que veio do Rio Grande do Norte para realizar um transplante de pulmão na Santa Casa de Porto Alegre, deu um depoimento emocionado sobre sua recuperação. "Estou muito feliz e só tenho a agradecer. Nunca respirei tão bem. Digo a todos para se tornarem doadores de órgãos, permitindo que a vida de outras pessoas possa continuar", declarou.
A campanha "O Amor Vive", lançada pela Central Estadual de Transplantes em 2023, segue incentivando a população a se tornar doadora, com o ator Marcos Frota como embaixador da iniciativa.
コメント