Multas por evasão de pedágio disparam e impulsionam alta de 71% nas infrações no RS
- Andrei Nardi
- há 14 horas
- 3 min de leitura
Dados do DetranRS mostram que, apesar da queda em multas por velocidade, o número de acidentes subiu; confira as infrações mais comuns
O número de multas de trânsito aplicadas no Rio Grande do Sul cresceu 71,3% nos últimos cinco anos, saltando de 976.075 para 1.672.017, considerando os meses de janeiro a abril de 2021 e 2025. O aumento é impulsionado principalmente pela explosão no número de autuações por evasão de pedágio em rodovias com sistema de livre passagem (free flow), uma infração que há dois anos era quase inexistente, segundo dados do Departamento Estadual de Trânsito (DetranRS).
Esse cenário evidencia tanto o avanço tecnológico na fiscalização quanto a persistência de comportamentos de risco nas estradas e vias urbanas do estado.
A explosão das multas por 'free flow'
Enquanto o excesso de velocidade continua sendo a infração mais comum, a evasão de pedágio assumiu o segundo lugar com um crescimento vertiginoso. Em 2023, as autuações por este motivo somavam pouco mais de 2,8 mil em todo o estado. O número saltou para 468 mil em 2024. Apenas nos primeiros quatro meses de 2025, já foram registradas 206.953 multas por evasão de pórticos.
A Secretaria Extraordinária da Reconstrução Gaúcha afirma que tem atuado para mitigar o problema, como o aumento do prazo para pagamento da tarifa de 15 para 30 dias, implementado em outubro de 2024. Apesar de a pasta informar que mais de 96% dos motoristas pagam a tarifa corretamente, a diretora institucional do DetranRS, Diza Gonzaga, avalia que o volume de infrações reflete a falta de atenção.
"Muitas vezes, os motoristas sequer percebem que passaram por um pórtico. O DetranRS não tem ingerência direta sobre o sistema, que é operado pelo Daer e pelas concessionárias, mas entendemos que campanhas de conscientização são fundamentais", afirma.
Excesso de velocidade e outras infrações
Segundo o DetranRS, as 10 infrações mais comuns no trânsito gaúcho entre janeiro e abril de 2025 foram:
Excesso de velocidade (art. 218)
Evasão de pedágio/bloqueios (art. 209)
Não identificação do condutor pela pessoa jurídica (art. 257)
Veículo em condição irregular (art. 230)
Dirigir sem habilitação ou com CNH irregular (art. 162)
Estacionamento proibido (art. 181)
Falta de cinto de segurança (art. 167)
Não registrar ou transferir o veículo (art. 233)
Uso do celular ao volante (art. 252)
Avançar sinal vermelho (art. 208)
Para Diza, os dados reforçam que o grande vilão do trânsito é a velocidade, mas o uso do celular é uma escolha comportamental que exige mais fiscalização e educação. "Hoje temos menos flagrantes de alcoolemia, o que mostra que a educação funciona. Precisamos do mesmo empenho em relação ao celular", diz.
Menos multas por velocidade, mais acidentes
Apesar de o número de infrações por excesso de velocidade ter registrado uma queda de cerca de 4% entre os primeiros quatro meses de 2024 e 2025, o número de acidentes de trânsito subiu 12% no mesmo período. O comandante do Comando Rodoviário da Brigada Militar (CRBM) aponta que, além do aumento da frota, a pressa é um fator preocupante. "Rodovias melhores e veículos mais potentes favorecem o excesso de velocidade. É o atropelo da vida moderna", afirma.
A fiscalização é intensificada com 50 radares móveis em trechos de alto fluxo e sinistralidade, como nas rodovias RS-239, RS-453, RS-122 e RS-287, especialmente nas regiões de Sapiranga, Gravataí e Bom Princípio. Só nas rodovias estaduais, de janeiro a abril de 2025, foram 22.314 motoristas e 10.687 passageiros flagrados sem cinto de segurança.
Ações educativas como contraponto
Para além da repressão, o CRBM mantém uma Escolinha de Trânsito, voltada à educação de crianças nas escolas. Diza Gonzaga reforça que a transformação no trânsito passa pela cultura.
"Não é só multa que resolve. É educação, desde cedo. Temos que ensinar a ser bons pedestres e bons condutores. A pandemia parece ter deixado uma herança de desatenção no trânsito. Precisamos reconquistar esse senso de responsabilidade coletiva", declara a diretora do DetranRS.
Com informações de GZH
