O frio intenso chegou ao Rio Grande do Sul e as baixas temperaturas registradas podem provocar prejuízos em espécies frutíferas tropicais e subtropicais que não resistem a temperaturas negativas. Um dos métodos para impedir a morte das plantas dessas espécies pelo congelamento é o uso da irrigação por aspersão ou microaspersão.
No município de Soledade, o jovem casal de produtores Bruna Miranda da Silva e Lucas Muniz investiu na produção de pitaya como forma de diversificar a produção e, com isso, a irrigação se fez necessária devido às baixas temperaturas frequentemente registrada no município.
Na área de 0,4 hectares, onde está localizada a plantação de pitaya, o jovem casal observou a necessidade de investir na irrigação automatizada para garantir o cultivo da fruta devido à ocorrência de frequentes geadas. No inverno de 2019, o casal fez um investimento significativo em um sistema antigeada por meio de irrigação por microaspersão e em equipamentos para irrigação por gotejamento nas pitayas, dimensionando a bomba também para a irrigação das demais culturas na propriedade.
“As baixas temperaturas que Soledade registra sempre nos causaram medo. Pesquisamos e descobrimos que era possível produzir. No inverno passado tentamos cobrir as plantas, mas não funcionou. Então, investimos na irrigação e no sistema antigeada para este inverno. Estamos curiosos para observar como as plantas irão se comportar durante a estação, pois essa foi a primeira grande geada que atingiu a plantação esse ano”, comenta Bruna, ao se referir à forte geada no município na sexta-feira (03/07). Além da pitaya, o casal produz temperos, repolhos, couve e brócolis, além de uma área cultivada com nogueira pecã que ainda não iniciou a produção.
O extensionista rural Agropecuário da Emater/RS-Ascar, Roger Terra de Moraes, explica que a pitaya é uma espécie de clima temperado e não são adaptadas ao frio intenso. Com isso, as temperaturas abaixo de zero causam danos severos podendo resultar na morte das plantas ou parte delas. “Com sistema antigeada por microaspersão, a camada de gelo que se forma na superfície da planta cria uma espécie de cápsula onde a temperatura interna da planta não atinge temperaturas negativas, mantendo a integridade do tecido vegetal”, explica.
Segundo o extensionista, a estratégia também pode ser adotada em frutíferas de clima temperado em geral, cultivados em regiões onde a geada é frequente. “Algumas espécies como o pessegueiro, ameixeira, videira, entre outras cultivadas em regiões onde frequentemente ocorrem geadas tardias, este sistema também se mostra eficiente para a preservação da integridade do florescimento”, orienta Moraes.
Para tanto, existem linhas de crédito rural que preveem o financiamento do sistema de irrigação, como o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) com juros de 2,75% ao ano e até 10 anos de prazo para pagamento dos agricultores familiares, e o Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural (Pronamp) com juros de 5,0% ao ano.
OUTRAS CULTURAS
Cuidados também devem ser observados em culturas como hortaliças e pastagens. Nas hortaliças, o cultivo em ambiente parcialmente modificado como em estufas e túneis protegem em parte as plantas do frio. No entanto, em locais onde as temperaturas são excessivamente baixas podem ocorrer a morte das espécies de verão, mesmo cultivadas no interior desses ambientes. Outra orientação é não cultivar espécies susceptíveis às baixas temperaturas ou que tenham seu desenvolvimento afetado com o frio, como, por exemplo, tomate e pimentão.
Na produção de pastagens, o extensionista orienta o cultivo de espécies resistentes às geadas, como a aveia e o azevém. “O pasto nativo paralisa seu crescimento nestas condições de geada e frio intenso, diminuindo a oferta de forragem aos animais”, ressalta Moraes.
Já na produção de trigo, que está na fase vegetativa, as geadas têm pouca ou nenhuma interferência negativa na cultura. “Ao contrário, o frio estimula o perfilhamento das plantas, algo que é desejável. A temperatura letal à cultura na fase vegetativa é abaixo de -9°C, sendo a fase de emborrachamento e espigamento a mais sensível”, observa o extensionista.
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