Especialista alerta sobre a importância da conscientização e do diálogo aberto entre pais, escola e adolescentes
Na última segunda-feira, 10/02, o programa Escuta Aqui, da Rádio Sideral, abordou a gravidez na adolescência, destacando a importância da prevenção e o impacto emocional dessa situação. O bate-papo contou com a presença da psicóloga Jordana Calcing, que trouxe dados e reflexões sobre o tema, destacando a necessidade de diálogo aberto com os adolescentes.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) define a adolescência como a faixa etária dos 10 aos 19 anos, período em que a gravidez pode trazer sérios riscos à saúde física e emocional. Jordana destacou que, embora os adolescentes tenham hoje maior acesso à informação por meio das redes sociais e da internet, o Brasil ocupa o segundo lugar no ranking mundial de gravidez na adolescência, evidenciando que a falta de orientação adequada ainda é um grande desafio.
A importância do diálogo e da prevenção
Segundo a psicóloga, a ausência de informações claras e corretas sobre sexualidade e prevenção é uma das principais causas da gravidez na adolescência. “Muitas vezes, os adolescentes acreditam que sabem se proteger, mas, na prática, isso não acontece de forma eficaz”, alertou Jordana.
Ela também ressaltou que 44,7% dos meninos têm a primeira relação sexual antes dos 13 anos, enquanto 31% das meninas iniciam a vida sexual entre os 13 e 17 anos. Diante desses números, a especialista reforçou a importância de trabalhar a conscientização desde cedo, abordando temas como mudanças corporais, respeito ao próprio corpo e prevenção de situações de risco.
Consequências para a saúde e o ciclo de vida
Além dos impactos emocionais, a gravidez precoce pode trazer riscos à saúde física, como pré-eclâmpsia e diabetes gestacional, além de elevar o índice de mortalidade materna. Jordana destacou que cerca de 9,6% dos óbitos maternos ocorrem entre adolescentes, reforçando a necessidade do pré-natal e de acompanhamento médico adequado.
Outro ponto abordado foi o abandono escolar, que atinge cerca de 70% das adolescentes grávidas, comprometendo o futuro educacional e profissional dessas jovens. “Muitas escolas em grandes cidades adaptam suas estruturas para permitir que as mães levem seus bebês para a sala de aula, buscando reduzir a evasão escolar”, explicou a psicóloga.
Rede de apoio e superação
Jordana também enfatizou a importância da rede de apoio para adolescentes grávidas, que pode ser formada por familiares, profissionais de saúde, escolas e instituições públicas. “Quando existe uma boa rede de apoio, é possível transformar o impacto inicial em uma relação saudável entre mãe e bebê”, afirmou.
Embora muitas meninas enfrentem sentimentos de solidão, vergonha e rejeição, outras conseguem criar vínculos afetivos positivos com seus filhos e superar as dificuldades. Estudos mostram que, em 30% dos casos, as adolescentes assumem sozinhas a responsabilidade de sustentar seus filhos, enquanto 40% das famílias das jovens ajudam financeiramente. Apenas 10% dos meninos participam diretamente dessa responsabilidade.
Conversa aberta e orientação profissional
Para finalizar, Jordana reforçou a necessidade de as famílias conversarem abertamente sobre o tema e, caso encontrem dificuldades, buscarem orientação profissional. “O diálogo é fundamental para prevenir situações de risco e orientar os jovens sobre o cuidado com o corpo e as mudanças naturais do desenvolvimento humano”, concluiu.

Comments