O efeito dos preços recordes do trigo, alimentados pela guerra no leste europeu, bateu à porta da indústria gaúcha de panificação. Os moinhos elevaram em 20% o preço da farinha nesta segunda-feira (14), informou o Sindicato das Indústrias de Panificação e Confeitaria e de Massas Alimentícias e Biscoitos do Rio Grande do Sul (Sindipan/RS).
"Os moinhos anunciaram um aumento de 20% na farinha de trigo a partir de hoje. Assim, os produtos derivados do trigo devem aumentar na ordem de 20% a 30%", afirma o vice-presidente do Sindipan-RS, Arildo Bennech Oliveira. Entre os derivados estão o pãozinho cacetinho, como é mais conhecido, que é o item mais consumido.
Os preços do trigo nunca estiveram tão altos. São os mais levados nos últimos 20 anos, alarmam-se os industriais do setor. Na primeira quinzena de março, a alta da commodity chegou a 50% no mercado mundial, cita o sindicato.
Segundo Oliveira, o valor da farinha de trigo deve aumentar ainda mais em abril, que pode elevar o percentual total de aumento a 40%. A variação é efeito principalmente dos impactos do confronto entre a Rússia e a Ucrânia, países responsáveis por cerca de 25% a 30% da exportação mundial, frisa o representante da categoria.
"A situação é muito difícil para a panificação, pois as trades não têm trigo para vender. Estamos em plena entressafra e na espera da importação da Argentina, que restringiu a venda por problemas internos e, também, para ter uma reserva, caso venha a piorar cada vez mais a situação na guerra Rússia e Ucrânia. O país está cumprindo contratos, mas com o preço do dia em dólar", afirma o vice-presidente do Sindipan-RS.
Uma tonelada de trigo chega a custar US$ 450,00 no porto de Porto Alegre, de acordo com Oliveira, cotação que deve subir mais. O industrial complementa:
"Até o fim do mês, pode chegar a US$ 500,00. Ou seja, R$ 2.500,00 a tonelada, um valor nunca visto em toda a história nos preços de trigo em dólar!"
A presidente do Sindipan-RS, Carla Carnevali Gomes, relata a preocupação com a categoria, após os registros de aumentos históricos e não apenas do trigo, mas de diversos outros insumos que também impactam o setor. A executiva afirma que a alta atingiu fortemente padarias, confeitarias, empresas de pães congelados, massas, biscoitos e toda a cadeia envolvida na panificação.
"Este aumento exorbitante nunca antes visto torna o reajuste uma realidade. Muitas padarias e empresas estão fazendo sacrifícios para conseguir manter os preços e as portas abertas, mas está chegando no limite. Isso não só pela farinha, mas também pelos aumentos nos combustíveis, gás e embalagens, afetados pelo petróleo, e tudo que impacta nosso setor", relata a dirigente.
Fonte: Jornal do Comércio
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