Direita avança e esquerda perde espaço nas eleições municipais de 2024 no RS
- Andrei Nardi
- 8 de out. de 2024
- 3 min de leitura
Partidos de direita, como PP, PL e Republicanos, conquistam mais prefeituras, enquanto siglas de esquerda, como PT e PDT, encolhem
Os resultados das eleições municipais de 2024 no Rio Grande do Sul mostram a consolidação da força de partidos de direita e centro-direita no estado, que seguem ampliando sua presença nas prefeituras. Em 492 municípios com definição no primeiro turno, o PP lidera com 164 prefeituras, enquanto o PL e o Republicanos apresentaram avanços significativos. Por outro lado, partidos de esquerda, como o PT e o PDT, registraram queda no número de prefeitos eleitos.
Crescimento da direita
O Partido Progressista (PP) manteve a liderança no estado, aumentando o número de prefeituras de 143, em 2020, para 164 em 2024. Já o MDB, embora ainda seja a segunda força, recuou, caindo de 134 para 125 prefeituras, mas com chances de vitória em Porto Alegre, onde Sebastião Melo disputa a reeleição.
O destaque deste pleito é o Partido Liberal (PL), que cresceu 260% em relação a 2020, passando de 10 para 36 prefeituras. O partido ainda está na disputa do segundo turno em cidades importantes como Caxias do Sul, Pelotas e Canoas. Segundo o professor Augusto Neftali, da PUCRS, o PL se consolidou como representante da linha política associada ao ex-presidente Jair Bolsonaro, ganhando terreno tanto em áreas rurais quanto urbanas.
O Republicanos também apresentou um crescimento expressivo, passando de seis para 16 prefeituras no estado. Esse avanço de partidos bolsonaristas, conforme o cientista político Paulo Peres, da UFRGS, sinaliza a consolidação da ideologia impulsionada pelo ex-presidente dentro das siglas, refletindo uma polarização crescente no cenário político estadual.
Desempenho da esquerda
Na esquerda, o cenário foi de retração. O PT, que em 2020 havia conquistado 23 prefeituras, elegeu apenas 19 prefeitos em 2024. Em 2012, o partido havia conquistado 72 prefeituras, mostrando um declínio constante. O PDT, maior partido da esquerda no estado, também perdeu terreno, passando de 65 para 50 prefeituras. O PSB, outra sigla tradicionalmente alinhada à esquerda, também recuou, perdendo 10 cidades em relação ao último pleito.
O PT ainda disputa o segundo turno em cidades importantes como Pelotas e Santa Maria, além de Porto Alegre, onde busca fortalecer sua presença. No entanto, Paulo Peres aponta que a esquerda enfrenta crescente pressão diante do avanço da direita e centro-direita, refletindo uma tendência que se desenha tanto a nível estadual quanto nacional.
Perspectivas futuras
O avanço da direita e a retração da esquerda no Rio Grande do Sul indicam uma reconfiguração no cenário político do estado, com partidos de centro-direita como o PL e o Republicanos ganhando espaço, enquanto legendas de esquerda enfrentam dificuldades em manter suas bases eleitorais. Essa polarização, segundo especialistas, pode definir as próximas eleições, tanto no âmbito estadual quanto nacional, com uma disputa cada vez mais acirrada entre direita e esquerda.
Região
Na 70ª Zona Eleitoral do Rio Grande do Sul, que abrange cidades como Getúlio Vargas, Estação e Erechim, partidos de direita e centro-direita conquistaram a maioria das prefeituras nas eleições municipais de 2024. O PL, PSDB, MDB e União Brasil foram os grandes vencedores na região, consolidando o domínio de siglas alinhadas a esse espectro político.
Em Getúlio Vargas, o candidato Prezzotto (PL) venceu a disputa, enquanto em Sertão, Homero Fochesatto (PL) também garantiu a vitória. Na cidade de Estação, o eleito foi Gé (PSDB), reforçando a presença da centro-direita no local.
O MDB, que enfrenta um cenário de retração em nível estadual, conseguiu se manter em algumas cidades da região. Em Erebango, o prefeito eleito foi Valmor Tomelero (MDB), e em Floriano Peixoto, Jair Antônio Ostrowski (MDB) saiu vitorioso.
Por sua vez, em Ipiranga do Sul, a prefeitura será comandada por Marco Sana (União Brasil), fortalecendo ainda mais a presença de partidos de direita no interior gaúcho.