Marcado por entraves nos últimos anos, o setor de energia eólica no Rio Grande do Sul acelera o ritmo para ampliação da estrutura. Para 2022, a Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura (Sema) projeta a entrega de 34 obras — 14 subestações e 20 linhas de transmissão dentro de dois dos três leilões com canteiros de obras em atividade. Esse montante é quase cinco vezes maior do que as entregas do ano passado. A finalização dos novos empreendimentos é um passo importante para aumentar a capacidade de o Estado escoar energia gerada pelos ventos.
A Sema também estima que, até março de 2023, todos os empreendimentos do leilão 4/2018 da Aneel, que conta com a intervenção mais robusta, serão finalizados. Esse leilão prevê 25 novas linhas de transmissão, que totalizam 2.920 quilômetros, 10 novas subestações e a ampliação de 13 existentes, além de investimento total de R$ 4,8 bilhões. Todo esse complexo vai agregar 4,9 mil megavolt-ampere (MVA) ao sistema elétrico existente no Estado, abrindo portas para aumentar a potência instalada de energia eólica, que hoje conta com 1,8 mil MW atraindo mais empreendimentos no setor.
"Com aumento da capacidade da malha de transmissão, será possível fazer a conexão de vários novos projetos de geração de energia, ampliando dessa forma, a potência instalada no Estado. O Rio Grande do Sul reúne condições para tornar-se exportador de energia elétrica, quer seja pelo potencial de novos projetos, quer seja pelo crescimento da capacidade da sua malha de transmissão", afirma o diretor do Departamento de Energia da Sema, Eberson Silveira.
O presidente do Sindicato da Indústria de Energias Renováveis do Rio Grande do Sul (Sindienergia-RS), Guilherme Sari, destaca que a ampliação do sistema vai atender a uma série de projetos que estão engatilhados no Estado. Desde 2017, a potência instalada de energia eólica no Estado está estacionada em 1,8 mil MW. Sari estima o dobro dessa capacidade nos próximos anos com essa primeira etapa de desafogo do sistema.
"No nosso entendimento, nessa primeira fase, podemos dobrar esse potencial instalado hoje. Um incremento de aproximadamente 3,5 mil megawatts", destaca o presidente do Sindienergia-RS.
Como a instalação de novos empreendimentos depende de obras e de outros trâmites, Sari projeta que esse salto na potência instalada deverá ser efetivado até 2026.
"Então, a gente deve ter geração nova aqui no Estado no final de 2024, início de 2025 e em 2026", pontua Sari.
Somando os três leilões (4/2018, 2/2019 e 1/2020), serão entregues 52 obras, com investimento de 6,5 bilhões, até 2025. O número de obras de transmissão em execução no Estado, levando em conta os três leilões, equivale à soma de todas as obras de transmissão contempladas pela Aneel no Estado entre 1999 e 2017, segundo a Sema.
"Além de possibilitar a conexão, também vai dar a possibilidade de atender melhor as regiões todas do Estado, a população. As obras melhoram a capacidade de escoamento da energia", afirma o diretor do Departamento de Energia da Sema.
A ampliação do sistema de energia eólica no RS ocorre em paralelo às movimentações do segmento. Além de projetos com licença ambiental ou em processo para obter essa autorização, o Estado também planeja outros tipos de empreendimento. Em 3 de janeiro, o governo estadual abriu a consulta pública sobre a concessão da Lagoa dos Patos para instalação de parques eólicos. A população pode enviar sugestões até 21 de janeiro. Nessa data, será realizada uma audiência pública sobre o tema.
Hoje, o Rio Grande do Sul é o quinto Estado brasileiro com maior potência eólica instalada. Rio Grande do Norte, Bahia, Ceará e Piauí, no Nordeste, lideram no país.
Fonte: GZH
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