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Com mais de 75 anos de atuação, Itla Frizzo mantém tradição da benzedura popular no Alto Uruguai

  • Foto do escritor: Andrei Nardi
    Andrei Nardi
  • 9 de jun.
  • 2 min de leitura

Moradora de Getúlio Vargas, benzedeira afirma ter iniciado missão espiritual ainda na adolescência e defende que o bem deve ser feito sem interesses

Aos 91 anos, Itla Frizzo carrega uma história marcada pela fé, pelo trabalho e por uma missão que diz ter recebido diretamente de Deus: ajudar os outros por meio da benzedura, sem cobrar nada em troca. Natural de São Pedro, ela vive há décadas em Getúlio Vargas e tornou-se referência na região como benzedeira popular. Desde os 16 anos, após o que descreve como uma experiência espiritual profunda, exerce o ofício como forma de doação.

Itla relata que, na juventude, vivia em meio ao trabalho pesado da roça quando, durante um momento de exaustão e oração, ouviu uma voz que lhe transmitiu três orientações: “fazer o bem sem olhar a quem, não contar nada a ninguém e não cobrar um vintém”. A partir daquele dia, segundo conta, passou a receber pessoas buscando cura para doenças como anemia, leucemia, verrugas, catarata, entre outras.

“Eu recebo a voz. Se a pessoa vem se benzer de anemia, pra mim é míngua. E eu venzo de míngua. Tem que dizer o nome e o sobrenome de sangue”, explica.

Com o tempo, a prática ganhou visibilidade além das fronteiras da cidade. Itla diz que já atendeu pessoas de outros estados e até de fora do país, especialmente após ter sua história divulgada por uma jornalista da região.

Mesmo diante de dificuldades financeiras, Itla nunca aceitou pagamento pelo que considera um dom.

“Quando alguém traz dinheiro, eu digo: depois tu deixa. Mas eu não posso cobrar. Porque foi dito que não podia cobrar um vintém. E vintém era dinheiro na época”, reforça.

Com uma trajetória ligada à vida comunitária, Itla participou de atividades da terceira idade, foi rainha do bairro em duas ocasiões e atuou por duas décadas como tesoureira do grupo. Viúva, mãe de três filhos e avó de seis netos, vive hoje na mesma casa onde morou com o marido. "Se eu vender aqui, eu morro. Porque ele está aqui. Foi aqui que a gente viveu", diz.

Itla diz ter sofrido ameaças no passado por exercer a atividade sem “alvará”. Uma vez, conta, foi abordada por um homem que a questionou sobre o documento.

“Eu disse: não, Deus não me deu alvará. Ele me deu um dom. E pra isso não precisa alvará. Isso é pra quem faz coisa da terra, não do céu”, lembra.

Embora deseje continuar exercendo a benzedura, confessa que hoje evita atendimentos presenciais por recomendação médica, após a colocação de uma válvula cardíaca. Desde 2019, passou a atender apenas com nome completo e sobrenome de sangue, mantendo sua prática ativa à distância.

“O médico disse: tu não pode parar, mas agora tem que ser diferente. E eu sigo assim, com fé. Porque tudo é com fé.”

Ao final da conversa, deixa uma mensagem:

“O bem dá vida pra gente. Não faça o que tu não gostaria que fizessem contigo. Se não tem o que dizer, reza um Pai-Nosso. E considera mais as pessoas. Porque o mundo precisa de mais humanidade.”
Escuta Aqui | 09/06/2025 - Com mais de 75 anos de atuação, Itla Frizzo mantém tradição da benzedura popular no Alto Uruguai
Foto: Lucas Ximell
Foto: Lucas Ximell

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