A professora universitária Gabriela Ferreira, que mora em Porto Alegre, conta que viu seus planos de se mudar para o interior virarem frustração ao se deparar com a falta de estrutura. “Eu tinha pensado em viver em Torres, mas as pessoas descem na Estrada do Mar. É um caos, e eu descartei”, revela.
Para Livramento, onde Gabriela nasceu, há apenas dois ônibus saindo da Capital por dia, trajeto que leva nove horas. “O Estado não é para uma pessoa que não tem carro. Só posso pensar que estou no lugar errado”, lamenta.
Conforme o Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer), existem 170 rodoviárias ativas no Rio Grande do Sul, de um total de 497 municípios. Isso significa, portanto, que apenas 34,2% das localidades oferecem estrutura para receber pessoas que não têm um veículo próprio, como é o caso de Gabriela.
Hoje, 327 municípios não contam com terminal rodoviário. Nesses lugares, o embarque e desembarque de passageiros é realizado em locais determinados em conjunto pelo Daer e prefeituras. As vendas dos bilhetes ocorrem dentro dos veículos - informa o departamento através de nota.
Professora de inovação, Gabriela não entende como um Estado que incentiva tanto o conceito não coloque as pessoas no cerne deste assunto.
Gramado é uma das únicas cidades onde sai ônibus de hora em hora para Porto Alegre. E, mesmo assim, não são todos diretos. É inacreditável que o centro do processo não são os usuários dos ônibus, são os concessionários - entende.
Em meio a essa situação, a 2ª Vara Federal de Porto Alegre liberou as operações da Buser em viagens interestaduais no Rio Grande do Sul. A sentença da juíza Daniela Tocchetto Cavalheiro julgou o mérito, e encerrou o processo movido pela Federação das Empresas de Transportes Rodoviários do Estado do RS (Fetergs) contra a startup, que promove a intermediação de viagens de ônibus por meio de uma plataforma na internet.
Fonte: Jornal do Comércio
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