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Adultização na era digital: psicóloga alerta sobre riscos e orienta pais a proteger a infância

  • Foto do escritor: Andrei Nardi
    Andrei Nardi
  • 7 de out.
  • 4 min de leitura

Em entrevista, Jordana Calcing explica que exposição a conteúdo adulto e excesso de responsabilidades podem causar ansiedade e depressão em crianças e adolescentes

Em entrevista à Rádio Sideral, no quadro sobre saúde mental do programa Escuta Aqui, nesta segunda-feira (06/10), a psicóloga Jordana Calcing alertou sobre os perigos da adultização, fenômeno que antecipa experiências e responsabilidades para crianças e adolescentes que ainda não possuem maturidade emocional e neurológica para lidar com elas. O tema ganhou destaque nas redes sociais após uma denúncia feita pelo influenciador Felca, que expôs casos de hipersexualização infantil em plataformas digitais.

O que é adultização

Segundo Jordana, a adultização ocorre quando crianças são expostas a situações para as quais não possuem condições emocionais ou neurológicas de compreender. “Adultização nada mais é do que expor a criança a situações, sejam essas das mais variadas possíveis, que essa criança ainda não tem maturidade nem emocional e nem neurológica para lidar com isso”, explicou.

A psicóloga lembrou que o fenômeno é estudado há mais de um século, desde o período da Revolução Industrial, quando crianças eram obrigadas a trabalhar em ambientes insalubres para ajudar no sustento das famílias. Hoje, segundo ela, o problema se manifesta em novas formas, como a pressão por padrões adultos de comportamento, estética e responsabilidade.

Internet e a nova face de um problema antigo

Felca, conhecido por seus vídeos de humor e críticas sociais, publicou nas redes sociais uma denúncia contra perfis que exibiam crianças em situações de hipersexualização, inclusive com incentivos à monetização desses conteúdos. O caso repercutiu amplamente e reacendeu o debate sobre a responsabilidade das plataformas e dos responsáveis legais no controle da exposição infantil online.

O debate sobre o tema foi impulsionado após o influenciador Felca denunciar páginas que exploravam a imagem de crianças e adolescentes com teor sexualizado. Jordana afirmou que o caso representa apenas um recorte de um problema mais amplo: “As outras crianças assistem e naturalizam isso”, observou.

Ela destacou que o ambiente digital expõe crianças a riscos complexos, como a aproximação de predadores sexuais e a pressão social por curtidas e visibilidade. “Tem muitos pais que dizem que sabem o que os filhos utilizam [...] mas na verdade não sabem, eles estão se iludindo que sabem”, alertou.

Jordana também mencionou exemplos de artistas que sofreram as consequências da adultização precoce, como Justin Bieber e Michael Jackson, que foram expostos a rotinas intensas e cobranças desde muito jovens.

Consequências emocionais e comportamentais da adultização

De acordo com a psicóloga, a adultização pode gerar desde sintomas emocionais leves até transtornos mais graves. Entre os efeitos mais comuns estão a ansiedade e a depressão, seguidos de insegurança, dificuldade de aprendizagem e comportamentos agressivos. Jordana explicou que, em muitos casos, a criança se torna mais agitada e hostil justamente por não conseguir lidar com o excesso de responsabilidades ou estímulos. “A adultização traz consequências negativas e ela está cada vez mais naturalizada na nossa sociedade”, afirmou.

Ela também destacou que a sobrecarga de tarefas e responsabilidades domésticas contribui para o problema. “A gente precisa diferenciar o que é ajudar em casa [...] e o que é ser responsável por uma casa”, disse. Segundo ela, crianças que assumem funções de adultos podem desenvolver sofrimento emocional por não terem tempo de brincar e socializar.

De acordo com a psicóloga, a adultização pode provocar sérios prejuízos emocionais e comportamentais. Entre as consequências estão a ansiedade, a depressão, a insegurança, comportamentos agressivos e dificuldades de aprendizagem. “A adultização traz consequências negativas e ela está cada vez mais naturalizada na nossa sociedade”, afirmou.

Ela ressaltou que a sobrecarga de tarefas e responsabilidades também configura uma forma de adultização. “A gente precisa diferenciar o que é ajudar em casa [...] e o que é ser responsável por uma casa”, explicou. Segundo ela, crianças que assumem funções domésticas de adultos podem desenvolver sofrimento emocional por não terem tempo de brincar e socializar.

A importância de garantir o tempo de brincar

Para Jordana, um dos caminhos para combater a adultização é assegurar que as crianças tenham tempo livre para o lazer e a criatividade. “A gente está também contribuindo para a adultização das crianças quando a gente não dá tempo para a criança ser criança”, disse.

Ela defendeu que pais e escolas devem equilibrar responsabilidades e momentos de brincadeira, garantindo espaços de convivência e descanso. Segundo a psicóloga, o diálogo é fundamental para que crianças e adolescentes aprendam a identificar conteúdos inadequados.

Nova lei visa aumentar a proteção no ambiente digital

Durante o programa, também foi citada a sanção do Estatuto Digital da Criança e do Adolescente, aprovada em 18 de setembro. A legislação estabelece obrigações para as plataformas digitais, como a remoção de conteúdo nocivo, verificação de idade e controle parental. As penalidades incluem advertência, multa, suspensão e proibição de serviços.

Jordana avaliou que a regulamentação é um passo importante, mas insuficiente sem a participação ativa das famílias. “Não adianta ter uma lei se os pais não fiscalizarem o que os filhos estão assistindo”, afirmou.

O contato de Jordana Calcing para sugestões de pauta ou dúvidas é (54) 9902-8036.


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