Abel Braga assume Inter sem salário, cita dívida com 2016 e pede desculpas após fala homofóbica na apresentação

Treinador comandará time nos dois jogos finais do Brasileirão; técnico usou expressão preconceituosa em coletiva e se manifestou nas redes sociais após repercussão

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O técnico Abel Braga foi apresentado oficialmente neste domingo (30) como treinador do Internacional para as duas rodadas finais do Campeonato Brasileiro. Aos 73 anos, o multicampeão retorna ao clube para sua oitava passagem com a missão de evitar o rebaixamento. O contrato, por exigência do próprio Abel, não prevê remuneração financeira.

O presidente Alessandro Barcellos destacou o gesto do treinador. "Ele pediu para vir neste momento difícil com contrato sem remuneração. Isso acaba energizando a todos", afirmou o dirigente. O preparador físico Élio Carravetta também retorna à comissão técnica.

A sombra de 2016

Em sua coletiva, Abel revelou que a decisão de voltar foi motivada por um arrependimento do passado. Ele relembrou a recusa em assumir o time na reta final de 2016, ano em que o Internacional foi rebaixado pela única vez em sua história.

"Ficou uma marca no coração. Naquele momento (2016), agi com a razão e disse não. O Inter caiu. Espero apagar essa coisa que me incomoda. Não tive culpa, mas vim agora porque acredito", desabafou o treinador.

Esta é a oitava passagem de Abel pelo Beira-Rio, onde é o técnico com mais jogos (340) e conquistou a Libertadores e o Mundial de 2006.

Bastidores: "Richard, está com medo de mim?"

Abel negou rumores de que o elenco estivesse dividido ("rachado") e relatou ter encontrado um ambiente de boa assimilação, citando um episódio de descontração com o volante Richard, com quem trabalhou no Fluminense.

"Eu vi um ou outro muito sério. O Richard, por exemplo. Eu perguntei: 'está aí por quê? Está com medo de mim? Tem uma cadeira aqui na primeira fileira, vem pra cá'. O negócio correu muito bem, uma descontração muito grande", relatou Abel.

O treinador afirmou que acredita na salvação pelo desempenho que viu no primeiro tempo contra o Santos. "Uma equipe que faz aquilo não pode estar vivendo essa situação. É melhorar o anímico e a confiança", completou.

Estratégia de Jogo

Sobre a postura para os jogos decisivos contra São Paulo e Red Bull Bragantino, Abel adiantou que o time será agressivo, mas pragmático.

"O Inter vai entrar em campo como Inter. Vai marcar alto, pressionar, jogar no ataque. Não vamos jogar o tempo todo com a bola, mas estar resguardado não quer dizer que não vou atacar. Não adianta entrar pelo momento extremamente ofensivo", explicou.

Polêmica na apresentação

A entrevista também foi marcada por um episódio polêmico. Ao relatar uma conversa com D'Alessandro (atual diretor esportivo) sobre a necessidade de "relaxar" o ambiente, Abel utilizou uma expressão homofóbica para criticar o uso de coletes rosas nos treinos.

"Eu falei: 'Eu não quero a porra do meu time treinando de camisa rosa, parece time de veado'", declarou o treinador.

Questionado sobre a frase em outro momento da entrevista, Abel explicou que ela foi dita em tom de descontração para "relaxar o grupo" e aliviar a tensão no vestiário.

Após a repercussão negativa imediata, o técnico publicou um pedido de desculpas nas redes sociais: "Reconheço que não fiz uma colocação boa sobre a cor rosa. Antes que isso se prolifere, peço desculpas. Cores não definem gêneros, o que define é caráter".

Futuro em 2026

Abel não descartou permanecer no clube em outra função diretiva a partir de 2026, possivelmente trabalhando ao lado de D'Alessandro. "Aqui tem um cara que a gente gostaria de trabalhar junto. Quem sabe...", projetou.

Situação na tabela

O Inter abre a zona de rebaixamento (17º lugar) com 41 pontos, mesma pontuação do Santos, mas em desvantagem no saldo de gols. A estreia de Abel será nesta quarta-feira (3), às 20h, contra o São Paulo, na Vila Belmiro.