12º Fórum Norte Gaúcho do Trigo e do Milho reúne cerca de 350 participantes em Getúlio Vargas
- Andrei Nardi
- 28 de abr.
- 3 min de leitura
Evento abordou clima, produtividade e mercado e reforçou a importância da informação para o fortalecimento do agronegócio regional
Clima instável, desafios econômicos e oportunidades em inovação tecnológica estiveram no centro dos debates da 12ª edição do Fórum Norte Gaúcho do Trigo e Milho, realizado nesta sexta-feira (25/04) no Centro Comunitário Centenário, em Getúlio Vargas. Cerca de 350 participantes, entre agricultores, técnicos, estudantes e representantes do agronegócio regional, acompanharam palestras e discussões sobre as principais tendências e desafios para as culturas de inverno no Norte gaúcho.
Promovido pelo Sindicato Rural de Getúlio Vargas e com o apoio de diversas entidades locais, o evento trouxe à região especialistas como a meteorologista Estael Sias, o pesquisador em fisiologia vegetal Elmar Luiz Floss, o economista Ruy Augusto da Silveira Neto, além de representantes da Embrapa, Biotrigo, Emater e instituições financeiras.
Na abertura do evento, o presidente do Sindicato Rural, Luiz Carlos da Silva, alertou sobre o cenário delicado do setor agrícola.
“Vivemos um momento difícil, com produtores descapitalizados e dificuldades para cumprir compromissos financeiros. Precisamos aprofundar nossa compreensão sobre práticas agrícolas, mercado e mudanças climáticas para garantirmos a sustentabilidade das propriedades”, afirmou.
O prefeito Pedro Paulo Prezzotto ressaltou o papel central do agro para o país:
“Se o agro vai mal, tudo vai mal. É o agronegócio que sustenta a economia brasileira”, declarou.
Clima em 2025 exigirá preparo e gestão de riscos
A meteorologista Estael Sias, da MetSul, fez um alerta sobre as mudanças climáticas extremas vividas recentemente e destacou que, apesar da previsão de neutralidade climática para 2025, é essencial que o produtor esteja preparado para situações adversas.
“Teremos períodos de estiagem, alternados com chuvas fortes e oscilações de temperatura. Precisamos aprender com o passado recente e investir em gestão de riscos para evitar novos prejuízos”, reforçou.
Potencial produtivo do milho depende de manejo técnico rigoroso
Referência em ecofisiologia vegetal, o professor Elmar Luiz Floss enfatizou o potencial de crescimento da cultura do milho no Brasil e reforçou a necessidade de técnicas adequadas para ampliar a produtividade.
“O milho é a base para sistemas sustentáveis, como o plantio direto e a rotação de culturas. Investir em práticas corretas e nutrição equilibrada é fundamental para atingirmos altos rendimentos”, explicou Floss.
Mercado promissor para milho e novas oportunidades para o trigo
Na análise econômica apresentada por Ruy Augusto da Silveira Neto, da Farsul, o cenário mundial é favorável ao produtor de milho devido à queda dos estoques globais.
“Estamos com a menor relação estoque-consumo desde 2010, isso favorece preços mais altos”, afirmou.
Para o trigo, ele destacou o potencial da expansão da indústria de etanol de cereais, com novas usinas em construção no Rio Grande do Sul. Milton Sfreddo, gerente da Be8, apresentou a maior usina da América Latina, que será instalada entre Passo Fundo e Carazinho, e poderá processar cerca de 525 mil toneladas de trigo por ano, transformando até mesmo grãos de qualidade inferior em etanol e glúten vital.
“O projeto é um grande incentivo para aumentarmos a área cultivada no inverno no Estado”, completou Sfreddo.
Painel debate sustentabilidade e inovação genética
Um painel técnico mediado por Alencar Paulo Rugeri (Emater/RS-Ascar) abordou a importância da assistência técnica e inovação genética para ampliar a produção e sustentabilidade da cultura de trigo no Estado. Para o especialista da Embrapa, Giovani Faé, é possível superar as médias históricas com manejo adequado. Já Tiago De Paoli, da Biotrigo, destacou as pesquisas genéticas como essenciais para cultivares mais resistentes e produtivas.
Sicredi reforça importância da informação no crédito rural
Representando o principal patrocinador do evento, o gerente regional de desenvolvimento agro da Sicredi Sul Minas RS/MG, Ademir Iorkoski, destacou a importância da informação para o sucesso do produtor rural.
“Conhecimento é o insumo que traz rentabilidade à propriedade. Cerca de 85% da área financiada prevista para o trigo já está contratada, mostrando que o produtor entende a importância da cultura do inverno para sua rentabilidade”, destacou.
Atualmente, o Sicredi responde por aproximadamente 60% do crédito rural na região de Getúlio Vargas e arredores.
“Plantar é o único caminho. Com gestão e boa informação, podemos transformar desafios em oportunidades”, concluiu Iorkoski.
Confraternização encerra evento
Ao final das atividades técnicas, participantes puderam trocar experiências e contatos durante um almoço de confraternização no local.

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